O que é e como tratar o Transtorno do Pânico?

Atualizado em 03/11/2015
Por Nayara Benevenuto

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Atualizado em 03/11/2015
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O que é e como tratar o Transtorno do Pânico?

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A Síndrome do Pânico é um transtorno psicológico caracterizada pela ocorrência de inesperados crises de pânico e por uma expectativa ansiosa de ter novas crises.

As crises de pânico – ou ataques de pânico – consistem em períodos de intensa ansiedade, geralmente com início súbito e acompanhados por uma sensação de catástrofe iminente. A freqüência das crises varia de pessoa para pessoa e sua duração é variável, geralmente durando alguns minutos.

No geral, as crises de pânico apresentam pelo menos quatro dos seguintes sintomas: taquicardia, falta de ar, dor ou desconforto no peito, formigamento,  tontura, tremores, náusea ou desconforto abdominal, embaçamento da visão, boca seca, dificuldade de engolir, sudorese, ondas de calor ou frio, sensação de irrealidade, despersonalização, sensação de iminência da morte. Há crises de pânico mais completas e outras menores, com poucos sintomas.

Geralmente as crises ou ataques de pânico se iniciam com um disparo inicial de ansiedade, que logo ativa um medo das reações que ocorrem no corpo. Nesta hora surgem na mente uma série de interpretações negativas sobre o que está ocorrendo, sendo bastante comuns quatro tipos de pensamentos catastróficos: de que a pessoa está perdendo o controle, que vai desmaiar, que está enlouquecendo ou que vai morrer.

No intervalo entre os ataques a pessoa costuma viver na expectativa de ter uma novo ataque. Este processo, denominado ansiedade antecipatória, leva muitas pessoas a evitarem certas situações e a restringirem suas vidas.

A Classificação Diagnóstica

O Transtorno do Pânico é reconhecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um Transtorno Mental, constando da sua Classificação Internacional de Doenças (CID 10). No DSM (Diagnostic and Statistical of Mental Disorders) da Associação Americana de Psiquiatria o Transtorno do Pânico faz parte dos Transtornos de Ansiedade juntamente com a Agorafobia, a Fobia Social, a Fobia Específica, o Transtorno de Ansiedade de Separação e o Transtorno de Ansiedade Generalizada (DSM5 – 2013).

Enquanto nas Fobias Simples, por exemplo, a pessoa teme uma situação ou um objeto específico fora dela, como fobia de altura, na Síndrome do Pânico a pessoa teme o que ocorre em seu próprio corpo, como se suas reações fossem perigosas. As pessoas com agorafobia também podem apresentar ataques de pânico. A agorafobia é um estado de ansiedade relacionado a estar em locais ou situações onde escapar ou obter ajuda poderia ser difícil caso a pessoa tenha um ataque de pânico. É mais comum ocorrer em espaços abertos, em ambientes cheios de gente, em lugares pouco familiares e quando a pessoa se afasta de casa. Pode incluir situações como estar sozinho, estar no meio de multidão, estar preso no trânsito, dentro do metrô, num shopping, etc.

As pessoas que desenvolvem agorafobia geralmente se sentem mais seguras com a presença de alguém de sua confiança e acabam elegendo alguém como companhia preferencial. Este acompanhante funciona como um “regulador externo” da ansiedade, ajudando a pessoa a se sentir menos vulnerável a uma crise de pânico.

O Início das Crises de Pânico

A ansiedade é uma reação emocional natural que ocorre quando a pessoa ser vulnerável e na expectativa de um perigo. Quando a resposta emocional de ansiedade é muito intensa e repentina ocorre uma crise de pânico, com uma sensação de catástrofe iminente.

Qualquer pessoa está sujeita a uma eventual crise de pânico, quando exposta a um estresse muito alto, quando inundada por emoções internas ou vivendo situações que a leve a se sentir muito vulnerável e desamparada. Esta reação faz parte do espectro normal de reações emocionais, apesar de não ser frequente. Assim, muitos indivíduos tem uma crise de pânico isolada, sem desenvolver um padrão de crises repetidas que caracteriza a Síndrome do Pânico.

Na Síndrome do Pânico, a partir de uma crise inicial de pânico a pessoa começa a apresentar crises repetidas, sentindo-se muito insegura e temendo a ocorrência de novas crises.

Há alguns fatores que levam uma pessoa a desenvolver este padrão repetitivo de crises que caracteriza a Síndrome do Pânico.

Pesquisas mostram que eventos difíceis que ocorreram nos últimos dois anos da vida podem contribuir para desencadear as crises de pânico. Os eventos podem ser de vários tipos como separação, doença, perdas, violência, traumas, crises existenciais, crises profissionais, mudanças importantes na vida etc.

Estes eventos acentuam o estado de vulnerabilidade para uma pessoa desenvolver Síndrome do Pânico.

Outros fatores também podem tornar uma pessoa mais vulnerável a desenvolver um Transtorno de Pânico, como ter nascido com um temperamento mais ansioso, ter tido ansiedade de separação na infância, ter sido criado por pais ansiosos, etc.

Um fator importante para o desenvolvimento do Pânico é que estas pessoas geralmente têm falhas no processo de auto-regulação emocional, ficando ansiosas e não sabendo como se acalmar.

Geralmente as primeiras crises de pânico acabam sendo vividas como uma experiência traumática. Quando dizemos que uma experiência foi traumática, significa que ela fica registrada num circuito específico de memória emocional (“memória implícita”) que passa a disparar a mesma reação automaticamente, sem a participação da consciência. Sempre que aparecem algumas reações similares no corpo inicia-se uma nova crise de pânico.

A combinação destes fatores contribui para que alguém venha desenvolver Síndrome do Pânico.

Medo das Reações do Corpo

Na Síndrome do Pânico, várias reações do corpo que estavam presentes nos primeiros ataques de pânico ficam associadas a perigo e passam, a partir daí, a funcionar como disparadores de novas crises.

Geralmente as crises de pânico se iniciam a partir de um susto – consciente ou não – em relação a estas reações. Sempre que as reações do corpo reaparecem, dispara-se automaticamente ansiedade e pode se iniciar uma crise de pânico.

As reações corporais temidas podem ser variadas como as batidas do coração, falta de ar, tontura, formigamento, enjoo, escurecimento da visão, fraqueza muscular etc.

Numa crise de pânico a pessoa reage frente aquilo que seu cérebro interpreta como um perigo. Não há um perigo real, apenas uma hiperativação do circuito do medo que dispara um alarme na presença de algumas reações corporais que ficaram associadas a perigo.

A presença destes gatilhos corporais pode disparar ansiedade mesmo quando a pessoa não tem consciência deles. Pesquisas apontam, por exemplo, que numa crise de pânico noturna, reações corporais que ficaram associadas a perigo surgem com a pessoa ainda dormindo e disparam uma reação de ansiedade que acorda a pessoa, muitas vezes já tendo uma crise. Enfraquecer esta associação reações do corpo-perigo, que dispara uma crise de pânico é um dos focos do tratamento.

É comum a pessoa viver ansiosamente o que poderia ser vivido como sentimentos diferenciados. Numa situação que poderia despertar alegria, a pessoa se sente ansiosa; numa situação que provocaria raiva ela também se sente ansiosa. Qualquer reação interna ou sentimento mais intenso pode disparar reações de ansiedade.

A pessoa faz constantes interpretações equivocadas e catastróficas de suas reações e sensações corporais,  achando que vai ter um ataque cardíaco, que está doente, que vai desmaiar, que vai morrer, etc.

Esta perda de discriminação da paisagem interna compromete seriamente a vida da pessoa, pois esta se sente ameaçada constantemente por suas próprias sensações corporais. O corpo passa a ser a maior fonte de ameaça. Perder a confiança no funcionamento do corpo produz a um sentimento de extrema vulnerabilidade.

Curto-circuito: Corpo-Emoção-Pensamento

Podemos identificar a emoção de medo/ansiedade ocorrendo em três níveis:

– como reações fisiológicas: alterações nos batimentos cardíacos, na pressão sanguínea, hiperventilação, suor, etc

– como reações emocionais:  ansiedade, medo, apreensão, desamparo, desespero etc

– como reações cognitivas: preocupação, pensamentos negativos, ruminações etc

O estado emocional de ansiedade produz reações fisiológicas como taquicardia e respiração curta, por exemplo. A pessoa com Pânico tende a interpretar estas reações como perigosas – sinal de doença, de catástrofe iminente, etc. Estas interpretações, na forma de pensamentos catastróficos, acabam por produzir mais ansiedade, o que por sua vez aumenta ainda mais as reações fisiológicas …. reforçando assim os pensamentos catastróficos.

Cria-se assim um curto-circuito infindável onde as reações fisiológicas naturais de medo/ansiedade são interpretadas equivocadamente como perigosas, o que acaba por produzir mais ansiedade, que por sua vez alimenta os pensamentos catastróficos, num processo sem fim. Enquanto a pessoa não interromper este curto-circuito ela não consegue se livrar das crises de pânico.

Prisioneiro do Futuro

A ansiedade é uma emoção de expectativa de perigo, de uma ameaça que pode ser difusa, não claramente identificada. A mente ansiosa acaba imaginando cenários, se projetando em situações sentidas como potencialmente ameaçadoras: “e se… e se acontecer… eu vou passar mal…”.

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O estado de ansiedade leva a automatismos no processo de atenção e pensamento. A atenção passa a se deslocar descontroladamente, monitorando o corpo e o ambiente em busca de algo que possa representar perigo. O enfraquecimento da capacidade de controle voluntário da atenção está relacionado à dificuldade de concentração frequentemente relatada pelas pessoas ansiosas.

Sob ansiedade a mente é tomada por um fluxo intenso de preocupações, pensamentos negativos e ruminações e há pouco domínio da mente.

Assim, o ansioso vive boa parte do tempo tomado de expectativa ansiosa e tem dificuldade de se sentir presente e inteiro no momento atual.

Neste contexto, criar presença e fortalecer a atenção são focos importantes no tratamento.

O tratamento

Há algumas diretrizes importantes para o tratamento da Síndrome do Pânico:

1 –  Etapa Educativa: compreender o que é o Pânico, assumindo a atitude certa para lidar com a ansiedade e as crises.

Os sintomas do pânico são intoleráveis enquanto não compreendidos. A crise de pânico é um estado de intensa ansiedade, na qual o corpo da pessoa reage como se estivesse sob uma forte ameaça. Compreender este processo é fundamental para a sua superação. Nesta etapa vamos aprender o que é a ansiedade, o que ocorre numa crise de pânico, o papel do curto-circuito emoção-corpo-pensamento na manutenção do pânico, os processos de auto-regulação, de regulação pelo vínculo, etc.

A compreensão do Transtorno Pânico e dos Princípios do Tratamento favorece uma atitude construtiva e participativa, assim como o estabelecimento de uma aliança terapêutica para se desenvolver um bom trabalho.

2 – Auto-gerenciamento: desenvolvendo a capacidade de regulação emocional.

A pessoa com pânico precisa desenvolver uma melhor  capacidade de regulação emocional, aprendendo a influenciar seu estado emocional, regulando o nível de ansiedade, diminuindo assim o sentimento de vulnerabilidade e a incidência de novas crises.

Este processo é possível pelo aprendizado de técnicas de auto-gerenciamento. Utilizamos um amplo repertório de técnicas de auto-gerenciamento que incluem trabalhos respiratórios, técnicas de direcionamento da atenção, fortalecimento da capacidade de concentração, técnicas visuais variadas (convergência binocular focal, percepção de campo etc), reorganização da forma somática através do Método dos Cinco Passos, técnicas de relaxamento etc.

Estas técnicas de auto-gerenciamento ensinam à pessoa como influir sobre os seus estados internos, desenvolvendo a capacidade de auto-regulação.

Através do manejo voluntário dos padrões somático-emocionais que mantém o estado de pânico pré-organizado – a arquitetura da ansiedade – podemos  reorganizar e transformar estes padrões que mantém o gatilho do pânico armado, pronto para disparar novas crises.

Estas técnicas têm uma forte eficácia ao influenciar, por ação reversa, os centros cerebrais que desencadeiam as respostas de pânico, diminuindo o nível de ansiedade e a intensidade das crises.

3 – Aumentar a tolerância à excitação interna.

A pessoa com pânico tende a interpretar as reações de seu corpo, que fazem parte do estado ansioso, como se fossem sinais catastróficos, indicadores de um possível perigo, como um desmaio, um ataque cardíaco iminente, sinal de perda de controle, etc. É necessário enfraquecer esta associação automática onde a presença de algumas sensações corporais disparam uma reação automática de ansiedade, a se inicia o processo que leva ao pânico.

Para ajudar no enfraquecimento desta associação corpo-perigo e aumentar a tolerância ao que é sentido, utilizamos dois caminhos básicos.

(1) Técnicas de desensibilização, onde utilizamos exercícios de exposição gradual às sensações corporais temidas, processo denominado “exposição interoceptiva”.

(2) Técnicas de auto-observação, com atenção dirigida às reações da ansiedade e criação de um diálogo com as mensagens emocionais não ouvidas que o corpo está expressando.

Estes recursos ajudam a aumentar a tolerância à excitação interna e na familiarização com as reações do corpo, as emoções e sentimentos. É importante a pessoa ensinar ao seu cérebro como as sensações corporais não são perigosas, e como a ansiedade é apenas uma emoção que expressa uma expectativa de perigo, mas não é perigosa em si.

 4 – Desenvolver um “eu observador”, permitindo diferenciar-se dos pensamentos ansiosos.

Sob estado de ansiedade a pessoa é inundada de distorções cognitivas, com pensamentos que se projetam no futuro esperando pelo pior e interpretando as sensações em seu corpo como sinais de perigo iminente.

É importante trabalhar no desenvolvimento da capacidade de auto-observação identificando e diferenciando-se dos pensamentos catastróficos que derivam da ansiedade e contribuem para se criar mais ansiedade.

Neste processo a  pessoa aprende a observar e reconhecer seus padrões de pensamentos e suas expectativas catastróficas sem ser dominada por eles. Aprende a ancorar o ego no “eu que observa” e não no tumultuoso “eu que pensa”.

É importante também desenvolver a capacidade focalizar a atenção como estratégia para se diminuir a ansiedade. Quando a pessoa consegue criar presença e focar sua atenção, a ansiedade diminui significativamente. Para atingir estes objetivos, utilizamos várias técnicas de auto-observação e fortalecimento da capacidade de direcionamento da atenção.

5 – Desenvolver a capacidade de regulação emocional através dos vínculos.

Além da capacidade de auto-regulação é importante fortalecer a capacidade de se regular pelos vínculos, o que envolve desenvolver a capacidade de estabelecer e sustentar conexões profundas e vínculos de confiança. Este processo vai permitir que a pessoa supere o desamparo que a mantém vulnerável às crises de Pânico.

Neste processo revemos a história de vida de relacionamentos, incluindo os traumas emocionais que possam ter comprometido a confiança e potência vincular. Buscamos ajudar na reorganização dos padrões vinculares em direção a relações mais estáveis que possam permitir criar uma rede de vínculos e conexões mais previsíveis, essenciais para a proteção das crises de Pânico.

6 – Elaborar outros processos psicológicos atuantes

É importante mapear os fatores que estavam presentes quando a Síndrome do Pânico começou e que podem ter contribuído para a eclosão das crises.

Neste contexto podem estar presentes ambientes e eventos estressantes, assim como  crises existenciais, crises em relacionamentos, crises profissionais e transições, como mudanças de fases da vida, por exemplo. A desestabilização emocional trazida por estes eventos poderia produzir estados internos de fragilidade e vulnerabilidade, responsáveis pela eclosão das primeiras crises de pânico.

Num nível mais profundo buscamos investigar e trabalhar as memórias de experiências de vulnerabilidade e traumas que poderiam estar se reeditando nas experiências atuais de pânico. Do mesmo modo é importante rever os padrões de relacionamento com mãe/pai na infância, pois padrões ansiosos e ambivalentes de vínculo podem ter uma forte influência sobre o aparecimento e manutenção de transtornos de ansiedade na vida adulta.

Os melhores resultados são obtidos por um tratamento que contemple todos estes objetivos: a compreensão do processo do pânico, o desenvolvimento da capacidade de auto-regulação, o aumento da tolerância à excitação interna, o desenvolvimento do eu que observa,  o desenvolvimento da capacidade de regulação pelo vínculo e a elaboração dos processos de vida que levaram ao Pânico.

Uma combinação destes objetivos é a melhor solução para um tratamento eficaz da Síndrome do Pânico.

Fonte: http://www.psicoterapia.psc.br/scarpato/panico.html

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