A síndrome da apneia obstrutiva do sono, conhecida como SAOS, consiste em uma parada respiratória por 10 segundos ou mais que se repete, pelo menos, cinco vezes no período de uma hora de sono, devido ao colapso das vias aéreas superiores. Além da apneia obstrutiva, existem ainda outros dois tipos, mais incomuns: as apneias centrais e as apneias mistas. Durante as apneias centrais a ventilação cessa devido a uma alteração na região do cérebro que controla o diafragma e outros músculos respiratórios. As apneias mistas envolvem tanto a alteração cerebral do centro respiratório quanto o esforço respiratório contra uma via aérea obstruída. A apneia obstrutiva do sono costuma se manifestar acompanhada de roncos altos, engasgos, sono agitado, boca seca e diversos despertares ao longo da noite.
Essas pausas na entrada do ar durante o sono diminuem a concentração de oxigênio no sangue e suas consequências diretas são a hipersonolência diurna e alterações cardiorrespiratórias. A longo prazo, a apneia obstrutiva do sono pode levar à importantes alterações cardiovasculares e neuropsicológicas, sendo considerada um fator de risco para pressão alta e arritmia cardíaca. Além disso, a SAOS pode trazer prejuízos nos relacionamentos conjugais e pode, ainda, aumentar o risco de acidentes no trabalho ou no trânsito (devido, principalmente, à queda do rendimento, da atenção, da concentração e da memória). Crianças com SAOS além de poderem desenvolver alterações cardiovasculares, podem apresentar problemas no comportamento (como, por exemplo, agitação e agressividade) e dificuldade de aprendizagem (decorrente da diminuição na concentração). Por isso, essa alteração deve ser encarada com bastante cuidado.
A incidência da SAOS na população é desconhecida, porém, sabe-se que ela acomete mais o sexo masculino do que o feminino, muito provavelmente devido à própria estrutura anatômica do homem. Porém, há relatos de influência hormonal associados aos casos de mulheres na fase da menopausa. O principal fator de risco para a síndrome é o excesso de peso, porém, alguns outros fatores como alterações craniofaciais, hipertrofia de tonsilas, obstrução nasal, uso de álcool, cigarro ou medicamentos sedativos e dormir de barriga para cima também podem ser considerados fatores agravantes para essa síndrome.
O diagnóstico da SAOS é realizado por meio da avaliação clínica e confirmado pelo exame polissonográfico, que consiste em mapear o comportamento durante o sono. O tratamento é sempre multidisciplinar, variando de acordo com a gravidade de cada caso. Ele pode ser centrado em três pontos:
– comportamental, que consiste em tentar reduzir os fatores agravantes, como combater as causas da obstrução nasal, perder peso, dormir de lado e evitar o uso de bebidas alcoólicas, cigarro e medicamentos sedativos algumas horas antes de dormir.
– clínico, que consiste no uso de próteses orais ou máscaras chamadas CPAPs, que cobrem o nariz e a boca e mantêm pressão positiva e contínua sobre as vias aéreas, evitando sua obstrução. Essa é considerada uma das formas mais eficazes para resolver as pausas na respiração durante o sono.
– cirúrgico, nos casos em que a obstrução de algum elemento (como amídalas ou adenóides) é a causa da pausa respiratória.
A fonoaudiologia pode auxiliar no tratamento dessa doença através de exercícios destinados a tonificar os músculos da garganta. O tratamento fonoaudiológico consiste em adequar aspectos anátomo-morfológicos e anátomo-funcionais dos órgãos fonoarticulatórios, que, nessa doença, encontram-se flácidos, com tensão diminuída.