Sabe aquele desconforto e indisposição que temos ao estudar determinados assuntos com os quais temos dificuldade ou resistência? Sabe aquela vontade de sair correndo da frente do livro ou da aula e “jogar tudo para o alto”? Você tem alguma estratégia para lidar com este fenômeno?
É disto que trata o presente texto, propondo algumas saídas e estratégias para superar esta situação.
O primeiro passo importante passa pela compreensão do que ocorre. E para tanto, considero de grande importância e utilidade entender o fenômeno a partir da teoria da aprendizagem desenvolvida pelo grande e emblemático Jean Piaget. Não é a toa que Piaget foi quem foi, um dos maiores nomes da história em termos de teorias da aprendizagem.
Para Piaget a aprendizagem ocorre por meio de um processo que envolve três etapas, as quais correspondem à Assimilação, Acomodação e Equilibração (PORTILHO, Evelise. Como se aprende? . Rio de Janeiro: Wak, 2009, pág 41).
A Assimilação é o primeiro momento de contato com o conteúdo a ser estudado. E nisto checamos o novo conhecimento com aquilo que temos apropriado. Afinal, nada vem do nada.Neste momento vem o desequilíbrio, a dificuldade, a angústia, o desgaste decorrente do esforço intelectual e cognitivo. No segundo momento, ou seja, na Acomodação, passamos a dominar o objeto de conhecimento e se apropriar do conteúdo, o que dá lugar à etapa seguinte, correspondente à Equilibração.
Daí podemos entender o que acontece na prática dos estudos. Quando estamos passando por aquela sensação de dificuldade e angústia, estamos na fase de Assimilação. E quando conseguimos entender o conteúdo e dominá-lo, chegamos à Acomodação, que dá lugar à Equilibração. Sabe aquela sensação de bem estar que temos quando entendemos a matéria? Então, é isto!
Inclusive esta sensação decorre de interações no plano bioquímico, envolvendo a atuação de mecanismos dopaminérgicos. Daí porque aprender pode dar prazer!
Porém, depois teremos outra experiência de Desequilibração, que se confunde com uma nova etapa de Assmilação, em relação a um novo conteúdo que precisamos dominar.
Ou seja, este processo é cíclico, dialético e interminável. Graças a Deus! Sinal de que estamos vivos!
Diante de todas estas compreensões, o primeiro aspecto importante é entender e tomar consciência do fenômeno. Quem explica não sou eu, é Piaget! E por isto digo que a verdade nos liberta, pois permite a tomada de consciência. Por isto a minha crítica aos “especialistas” em preparação para concursos (sem especialização) que trabalham fundamentados no achismo ou na autoajuda de almanaque.
É bem verdade que também podemos recorrer a outras estratégias, inclusive para minimizar esta tensão inerente à fase de Assimilação.
Mas tendo a compreensão do fenômeno, nos momentos de dificuldade e angústia, devemos lembrar que isto só ocorrerá até superarmos a Assimilação. E que depois, após a Acomodação, experimentaremos uma prazerosa sensação regada a neurotransmissores geradores de satisfação.
Sempre que me vem esta sensação, a qual gera desânimo e resistência, tento seguir adiante sabendo que isto só ocorre até superar esta etapa.
E assim devemos seguir em frente e não desistir. Se desistir, estamos nos privando de passar à etapa seguinte.
Portanto, boa busca de Equilibração e superação da Assimilação!
Fonte:http://www.concursospublicos.pro.br/duvida-do-candidato/como-superar-o-desanimo-e-desconforto-para-estudar