Ao contrário do que muita gente acredita, a hipocondria não está relacionada ao consumo excessivo de medicamentos. Também não é verdade a crença de que os pacientes fingem os sintomas.
Com o boom da internet, a comunidade médica tem encontrado motivos ainda maiores para se preocupar com o quadro, que hoje apresenta uma nova forma de manifestação: a chamada cibercondria — ou hipocondria digital.
Mas afinal de contas, você sabe o que é esse transtorno e como identificá-lo?
A hipocondria trata-se de uma patologia na qual a pessoa acredita que possui uma doença, geralmente séria, mesmo sem nenhuma evidência médica. A hipocondria está diretamente ligada à ansiedade e a transtornos obsessivos compulsivos e os pacientes que desenvolvem esse transtorno tendem a interpretar sintomas comuns como sinais de algo grave, degenerativo ou potencialmente fatal. Por exemplo: uma simples dor de cabeça certamente significará um tumor cerebral. Nesse caso, os sintomas realmente existem, mas são amplificados e erroneamente interpretados.
Causas
A hipocondria atinge igualmente homens e mulheres e normalmente aparece no início da vida adulta, apesar de poder se desenvolver em qualquer idade. Não se sabe ao certo o que causa esse transtorno, mas algumas situações podem aumentar a chance de uma pessoa desenvolver hipocondria:
- eventos traumáticos e doenças graves, principalmente durante a infância;
- histórico familiar;
- preexistência de outros transtornos, como ansiedade, depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos de Personalidade;
- acreditar que boa saúde significa estar livre de quaisquer sintomas;
- pais pouco afetivos.
Este último causador parece estranho, mas se trata de um determinante influenciador do desenvolvimento desta patologia, pois a pouca afetividade, traz, ao hipocondríaco, uma necessidade de atenção, o que faz com que ele intensifique seus sintomas para que as pessoas direcionem sua atenção a eles.
Como identificar um hipocondríaco?
Uma pessoa com hipocondria costuma apresentar os seguintes comportamentos:
- Ter um medo intenso ou prolongado de ter uma doença grave;
- Preocupar-se que os menores sintomas e sensações físicas podem significar uma doença grave;
- Procurar médicos repetidamente ou fazer exames complexos com frequência, como ressonâncias magnéticas e ecocardiogramas;
- Trocar de médico constantemente, sempre buscando uma segunda opinião que indique uma condição grave;
- Falar diversas vezes sobre seus sintomas ou das doenças que suspeita ter;
- Checar frequentemente o corpo em busca de problemas;
- Checar frequentemente os sinais vitais, como pulsação ou pressão arterial;
- Pensar ter uma doença só de ler ou ouvir sobre ela;
- evitar obsessivamente ambientes ou situações que podem trazer riscos à saúde ou de contrair uma doença grave.
Pessoas com hipocondria tendem a aumentar sintomas quando realmente estão doentes. Mas a principal característica está no pensamento obsessivo de que isso de fato se trata de uma doença muitíssimo grave e de que sua vida pode estar em risco.
Como tratar?
O diagnóstico pode ser difícil e demorado, já que os pacientes não percebem que tem um transtorno psiquiátrico. Se sentem um desconforto no peito, provavelmente vão procurar um cardiologista — e não um psicólogo ou psiquiatra.
Nesse momento, é muito importante que pessoas próximas ao paciente se atentem a esses sinais e não compactuem com os comportamentos obsessivos ou ignorem o problema. São eles que normalmente percebem que algo está errado e encorajam o paciente a procurar por um especialista.
O tratamento para hipocondria tem diversas abordagens. A primeira é a psicoterapia e a metodologia mais usada é a Terapia Cognitiva Comportamental. Essa abordagem permite ao paciente reconhecer as causas de seu comportamento ansioso e ensina formas de parar com ele. Além disso, é importante que o paciente aprenda mais sobre a hipocondria, até para saber melhor como lidar. Essa educação sobre o quadro também é importante para a família do paciente.
Em alguns casos, medicamentos também podem ajudar, principalmente os antidepressivos. Muitas vezes, tratar comorbidades, como ansiedade e depressão, também ajudam no quadro.
É importantíssimo ressaltar que o tratamento medicamentoso para a hipocondria, sozinho, não resolve o problema — o acompanhamento psicológico é indispensável, já que não foca apenas nos sintomas, mas em todas as possíveis causas que geraram o transtorno.
Ter preocupação com a própria saúde é normal e importante para evitar futuras doenças. É normal também ficar ansioso quando se tem algum sintoma cuja causa o médico não consegue identificar claramente. Essa preocupação só se torna um problema quando a ideia de estar com uma doença séria consome você, mesmo que você já tenha feito exames apropriados e seu médico tenha assegurado que o problema é simples ou mesmo inexistente.
Esta patologia pode durar a vida toda se o paciente não buscar ajuda e tratamento. No entanto, trata-se de uma doença tratável (apesar de não se tratar hipocondria de um dia para o outro), por isso a importância do acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
Fontes:
https://www.unimedfortaleza.com.br/blog/cuidar-de-voce/sintomas-hipocondriaco
https://www.minhavida.com.br/saude/temas/hipocondria