Você sente necessidade de suporte, orientação e aprovação o tempo todo?
Agir, decidir ou resolver alguma situação de forma independente te causa
ansiedade? Você sempre busca ajuda adotando uma postura submissa diante dos outros? Se sente impotente ou incapaz? Estas são perguntas que você deve se fazer caso perceba que tem uma dependência extrema de outra pessoa.
A dependência emocional se caracteriza por colocar o outro como centro
de sua própria vida com uma necessidade de aprovação, de amor e de atenção extremas. Ela se caracteriza por uma adição, um vício afetivo entre pessoas podendo ser em relações afetivas, de amizade, com familiares ou nas relações de trabalho. Todos temos pessoas próximas que nos dão suporte quando precisamos e nos acolhem quando estamos vulneráveis, são relações comuns do dia-a-dia, porém, as pessoas dependentes emocionalmente vivenciam estas relações de forma intensa prejudicando sua própria saúde mental e se colocando como menos importante em suas próprias vidas. Estas pessoas vivem um apego patológico.
As relações comumente passam por momentos de variadas intensidades
de sentimentos dependendo do tempo de relacionamento e da idade das
pessoas envolvidas, porém, a qualidade dos relacionamentos sejam eles
afetivos, profissionais, com os amigos ou familiares pode ficar prejudicada se a dependência emocional faz parte do contexto. Esta pessoa necessita de outra para ter estabilidade emocional de tal forma que se houver alguma mudança, por mínima que seja, no modo de tratá-la gera um desequilíbrio.
A violência, recebida ou realizada, pode ser um fator presente em relações
regidas pelo amor patológico, outra forma de nomear a dependência
emocional. Outros pontos a serem observados podem ser a submissão,
sentimentos de insatisfação, vazio emocional, ansiedade quando longe da
pessoa da qual se depende, incapacidade de tomar decisões por si,
impulsividade, sentimentos de autodestruição, baixa autoestima.
De acordo com um estudo publicado pela revista periódica de psicologia
“Estudos Interdisciplinares em Psicologia” a origem do amor patológico pode estar associada ao apego aprendido na infância. Um apego seguro não dá origem a indivíduos dependentes emocionalmente, mas sim o apego
preocupado e ambivalente. Foram encontrados indícios neurobiológicos e
culturais. A forma idealizada como o amor é abordado em nossa sociedade
pode levar pessoas propensas a este tipo de interpretação a viverem de forma patológica os relacionamentos.
É importante ter em mente que são comportamentos exagerados para
podermos diferenciá-los da importância que damos aos mais próximos e
queridos. De acordo com Cristiano Nabuco, o cuidar do outro assume uma
intensidade desconfortável onde ocorre um controle dos passos do outro sendo comum até mesmo o abandono de atividades cotidianas para se “dedicar” a este amor patológico.
A maioria das pessoas que sofre da dependência emocional é do sexo
feminino, mas os homens também apresentam o quadro. É um comportamento que merece atenção profissional adequada, já que muitas pessoas procuram a terapia para mudarem seus comportamentos com o intuito de reatar um relacionamento que teve fim, encobrindo o verdadeiro problema a ser tratado.
Você se identificou com a situação ou conhece alguém que precisa de
ajuda? Que se auto negligencia para dar um cuidado excessivo e doentio ao
outro, que depende de outro tomar decisões, que tem insônia, taquicardia e
tensão muscular causadas por esta relação, que vive o amor de forma
estressante ao invés de equilibrada? É importante que esta pessoa procure
tratamento para que possa vivenciar o melhor que uma relação amorosa e
saudável tem a oferecer.
Fontes: pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2236-
64072016000100006&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt
Psicologia do cotidiano – Cristiano Nabuco