A característica essencial da tricotilomania pode ser entendida como o comportamento recorrente de arrancar os cabelos, o que resulta, na maioria dos casos, em uma perda capilar expressiva.
“A anorexia nervosa, por exemplo, é encontrada entre 1 e 3 por cento da população, e a tricotilomania, entre 2 e 5 por cento”, relata Jillian Corsie, diretor de um documentário importante a respeito do tema (“Trichster”) e que foi publicado no Jornal The Huffington Post. “Se você pensar sobre esses números, há quase o dobro das pessoas que têm esse transtorno que ninguém conhece.” (1)
Caso você ainda não saiba, a característica essencial da tricotilomania é que certas pessoas sentem uma tensão crescente antes do ato de arrancar cabelos e, quando finalmente o conseguem, descrevem uma enorme sensação de alívio, prazer ou até mesmo satisfação, criando assim um círculo vicioso incontrolável (tensão-prazer-alívio). (2)
Dados no Brasil ainda são escassos, entretanto, levantamentos apontam que apenas nos EUA, cerca de 15 milhões de pessoas sofrem com o problema.
Embora os cabelos sejam o alvo preferido, há muitos relatos de pessoas que arrancam, além do cabelo (80,6%), cílios (47%), sobrancelhas (43,5%), entre outras regiões do corpo (região púbica, axilas e, finalmente, o abdômen). (2)
Esse ritual de arrancar os cabelos pode levar alguns minutos ou vir a consumir muitas horas. E a “preferência” recai sobre fios que tenham uma textura ou qualidade diferente, o que confere ao ato uma qualidade quase que ritualística.
Curioso destacar que esse comportamento é descrito, muitas vezes, quase que “inconsciente”, automatizado e, em alguns casos, ocorrendo, inclusive, durante o sono.
E a consequência?…
Vergonha, embaraço e isolamento social, pois as marcas ficam tão evidentes que muitos tentam disfarçá-las através do uso de perucas, maquiagem excessiva, bonés, lenços ou até mesmo chapéus, o que obviamente pode resolver temporariamente o problema, entretanto, atividades como nadar, dançar, praticar esportes ou ainda aquelas que envolvem mais proximidade física ou até mesmo a intimidade, passam a ser totalmente evitadas (pois as falhas ficariam expostas), causando enorme constrangimento. (2)
A maior parte das pessoas que buscam tratamento são mulheres (90%), e o início ocorre usualmente na idade média de 13 anos.
O tratamento envolve psicoterapia e, em alguns casos, combinam-se técnicas comportamentais (como o condicionamento clássico e o operante) e medicação.
Relatos de pacientes (1), incluem:
“Eu estive sofrendo com tricotilomania desde que tinha 10 anos. Agora tenho 19 e se pudesse dar conselhos a outras pessoas que sofrem com isso, eu diria: você não está sozinha (…).”- Facebook da usuária Madison Nelson;
“Eu não estou doente, louca e também não me odeio. Também não preciso dos sentimentos de pena das outras pessoas. Eu sei que ainda sou bonita, apesar da tricotilomania.” – Facebook da usuária Caitlin Webster;
“Às vezes eu nem percebo que estou fazendo isso … ” – Facebook da usuária Judy Adams;
“Sempre pensei que era só eu. Eu amo meu cabelo. Apenas não posso parar.” – Facebook da usuária Yazmin LoGiudice;
“Eu sempre deixo as luzes apagadas quando vou ao banheiro em casa. Não posso puxar aquilo que eu não posso ver.” – Facebook da usuária Jennifer DiSabatino;
“Eu gostaria que as pessoas parassem de me dizer ‘para de fazer isso’, como se fosse tão simples assim… “- Facebook da usuária Laura Hanson;
“Realmente eu não quero fazer isso. Acredite em mim. Tenho muito medo que um dia eu possa ficar totalmente careca” – Facebook da usuária Lauren Vaught;
“Sim, eu espero muito que meus cílios cresçam de volta” – Facebook da usuária Rachel Devonne;
Na sequência, o documentário intitulado “Trichster”, no qual Rebecca Brown, diagnosticada com tricotilomania quando tinha 11 anos, tirou uma foto de si mesma, a cada dia, durante 6,5 anos para a montagem deste vídeo e para sensibilizar a sociedade da doença silenciosa.
Nele se percebe claramente a evolução do problema ao longo dos anos.
Para algumas pessoas, certos problemas podem ser devastadores. Assim sendo, não espere para buscar ajuda.
Fonte: http://cristianonabuco.blogosfera.uol.com.br/2015/07/15/tricotilomania-o-que-voce-deveria-saber-mas-ainda-desconhece/