Fofinhos, bonitinhos, esquisitos, grandalhões, desengonçados… em sua maioria, quando pensamos em cachorros não associamos a uma grave ameaça à vida, certo? Mas, também é certo que já ouvimos alguém falar que tem PAVOR deles e aí pensamos “como assim”?
O medo e a ansiedade são emoções diferentes, contudo, ligadas à nossa defesa da vida, à nossa sobrevivência e, por isso, são consideradas emoções fundamentais para nós, seres humanos. Quando nos sentimos ameaçados, estas emoções são esperadas, uma ver que precisamos emitir comportamentos de proteção à nossa integridade.
O medo é um estado neurofisiológico de alarme que é ativado automaticamente quando o indivíduo avalia uma situação cognitivamente como ameaçadora ou perigosa. Ele está presente em todos os transtornos de ansiedade. A ansiedade é um sistema complexo de resposta (cognitivo, afetivo, fisiológico e comportamental) e é ativada de maneira antecipada a uma situação vista como incontrolável, imprevisível e ameaçadora. Ou seja, é a expectativa de que alguma coisa de ruim irá acontecer, e esta vem acompanhada de alterações desagradáveis.
A ansiedade possui uma relação estreita com um estado de vulnerabilidade aumentada: uma pessoa vulnerável percebe a si mesma como alguém que não consegue se proteger ou exercer controle diante de situações ameaçadoras internas ou externas. Por subestimarem suas capacidades de enfrentar uma situação ou perigo as respostas comportamentais são de fuga e evitação (outras respostas são: taquicardia, inatividade, cefaleia, sudorese, importância dada ao erro, avaliação negativa de si mesmo, etc). As respostas de ansiedade podem ser produzidas por estímulos externos (animais, água, procedimentos), bem como por estímulos internos (preocupações, percepções).
Embora as emoções de medo e ansiedade sejam naturais e fundamentais ao ser humano, quando estas respostas são demasiadas ou persistentes causam efeito contrário, dificultando seu manejo em situações ameaçadora e comprometendo a emissão de respostas adequadas, protetivas e saudáveis. Sendo assim, elas são consideradas patológicas e, toda vez, que o medo patológico está relacionado a um objeto ou situação bem circunscrito, fala-se que a pessoa possui uma fobia. Fobia é o medo persistente de uma situação, objeto ou atividade que não oferecem perigo e que provocam no indivíduo uma necessidade de evitar ou fugir do que causa o medo.
Voltamos, então, ao cachorro!
Claro que não há apenas fobia a cachorros. O estímulo fóbico pode ser especificado como: animal (olha o cachorro aqui, aranhas, insetos, etc); ambiente natural (altura, tempestade, água); sangue, injeção, ferimentos (agulhas, procedimentos médicos); situacional (aviões, elevadores, locais fechados); outro (situações que podem levar à asfixia ou ao vômito, sons altos, personagens fantasiados).
Importante destacar que fobia não é frescura ou bobeira. Ela é um transtorno de ansiedade, onde há presença de medo e ansiedade desproporcional a respeito de uma situação ou objeto, levando o indivíduo a um sofrimento significativo e à evitação das situações ou objetos temidos. Mas o mais importante é: possui tratamento!
A terapia cognitivo-comportamental baseia-se em dois princípios: “nossas cognições têm uma influência controladora sobre nossas emoções e comportamentos e o modo como agimos ou nos comportamos pode afetar profundamente nossos padrões de pensamentos e nossas emoções”!
Diante disso, a terapia cognitivo-comportamental, com o uso de algumas técnicas, estimula a identificação e mudança de formas de pensar patológicas. As intervenções têm como objetivo tratar pensamentos, crenças e avaliações ansiosas ajudando o indivíduo na mudança de percepção do que é visto como perigoso e que o torna vulnerável.