O envelhecimento populacional é um fenômeno que vem acontecendo em escala mundial e que hoje também alcança números crescentes em países em desenvolvimento como o Brasil. Algumas mudanças são bem características e marcam a vida da população de faixa etária acima dos 60 anos. O aparecimento de determinadas enfermidades, o declínio da capacidade física e motora, a limitação das atividades de vida diária, a saída do mercado de trabalho, bem como a saída dos filhos de casa, a morte do cônjuge, a institucionalização e a solidão podem afetar significativamente o estado emocional da pessoa idosa e são apontados como os principais fatores de risco para a depressão.
Apesar de aparecer em todas as faixas etárias e não ser uma exclusividade desta população, a depressão na terceira idade tem características peculiares e comumente não é precocemente diagnosticada e tratada no idoso, isto porque seus sintomas muitas vezes se confundem com os de outras enfermidades ou até mesmo podem ser causados pelo uso de certas medicações, o que dificulta o seu diagnóstico. Além disso, existe o imaginário de que o isolamento social e a tristeza são características comuns do envelhecimento e, por isso, familiares e pessoas mais próximas não percebem o quadro depressivo, mas tratam estes acontecimentos como um processo natural, sem imaginar que estão diante de um adoecimento psíquico.
A depressão no idoso é mais grave uma vez que potencializa as limitações decorrentes da idade e o agravamento de quadros patológicos já existentes, acentuando o sentimento de desesperança e a ideia de ser um “peso” na vida do outro. A recuperação também é mais lenta, muitas vezes o idoso não adere ao tratamento, e o risco de suicídio é ainda maior. Sabendo de tudo isso, é de imprescindível ficar atento às alterações emocionais e comportamentais de um idoso. Esta atenção deve partir dele mesmo, das pessoas de seu círculo de convivência bem como de médicos que porventura possam estar o acompanhando. A depressão é uma enfermidade tão ou mais grave e incapacitante que outras mais características desta faixa etária. O diagnóstico e tratamento precoces através de psicoterapia e também da terapia medicamentosa, entretanto, proporcionam uma qualidade de vida melhor aos que são acometidos pela doença, devolvendo energia e sensação de bem estar, proporcionando um envelhecimento mais saudável.
A melhor maneira de evitar o quadro depressivo na terceira idade é manter uma rede de suporte afetivo e social. Com o apoio que o idoso recebe através de suas relações interpessoais o risco do surgimento da depressão diminui e, quando ela já está instaurada, pode ser minimizada. Relacionamentos afetivos sólidos e uma vida social ativa funcionam como fatores de proteção contra o surgimento dos sintomas depressivos, possibilitando a manutenção da saúde mental na velhice.