O estresse emocional também intensifica o descontrole. Há fatores que afetam nosso limiar de estresse
Qualquer pessoa equilibrada e saudável pode ter, ocasionalmente, um episódio de descontrole emocional, se exposta a situação extremamente aversiva. E há aqueles que se comportam frequentemente dessa forma. O descontrole emocional é em geral percebido pelo paciente como característica pessoal: “Eu sempre fui assim, é o meu jeito de ser”. E as explosões repentinas se repetem, por motivos fúteis, abalando relacionamentos, prejudicando filhos pequenos,interferindo no trabalho. Estamos falando de descontrole emocional em pessoas sóbrias. A presença do álcool e de outras drogas redimensiona o problema que pode chegar a consequências desastrosas.O estresse emocional também intensifica o descontrole. Há fatores que afetam nosso limiar de estresse. São os fatores de vulnerabilidade. O indivíduo fica estressado em situações com as quais já lidou muito bem em outras ocasiões. Nada a ver com envelhecimento. Esses fatores são corriqueiros e o terapeuta pode identificá- los em uma lista logo nas primeiras sessões. O paciente evitará ir além do seu limiar de estresse e conseguirá contornar o descontrole emocional. Quem apresenta descontrole emocional é incapaz de lidar com a raiva porque não consegue discriminar suas emoções. Vamos entender um pouco melhor o mecanismo da raiva. Atuam em conjunto três componentes cruciais: Primeiro, o pensamento (“estou sendo ofendido”, “é uma humilhação”, “não mereço isso” etc) a seguir, a reação física: pressão arterial subindo, voz alterada, tensão muscular, etc. E, finalmente, o chamado ataque à pessoa que provocou esse descontrole: inverdades, gritos, palavras ofensivas, em maior ou menor grau, dependendo da situação. Quando tudo volta ao normal, emerge o arrependimento e a culpa.
Desconfiança, intolerância e inflexibilidade, levam o sujeito a recorrer à agressividade. É preciso analisar se há outros distúrbios acoplados que potencializam o descontrole e devem ser diagnosticados por um profissional pois a análise equivocada dos sintomas piora o quadro. A terapia cognitivo-comportamental utiliza inúmeras estratégias fáceis e perfeitamente aceitas pelo paciente para desenvolver um novo modo de ver ,interpretar e questionar intimamente os fatos.
Crianças que presenciam descontrole emocional em casa, segundo Seligman (1994) serão mais propensas a ter depressão, pessimismo e insegurança. A raiva é destrutiva e causa doenças. A terapia vai mostrar ao sujeito que ele pode controlar as emoções, não deixando a raiva crescer. Apagar o incêndio antes que ele se alastre. É preciso tratar os sintomas e as raízes dos sintomas, ou o resultado não será satisfatório. Cada paciente necessita de uma abordagem diferente de seu problema. Cada paciente é único para o terapeuta, com sua história de vida, seus medos e tristezas. Mensagens negativas (verbais ou não verbais) que o indivíduo recebeu no decorrer de sua vida – e com as quais convive sem se dar conta – são extremamente ansiogênicas.
Comparações sofridas na infância que abalaram sua confiança em si, a mania de levar tudo para o lado pessoal, a ruminação de mágoas que alimentam a raiva, o hábito de trazer incidentes passados para discussões atuais, tudo isto faz aumentar o descontrole e desencadear a crise. O psicólogo orientará a pessoa como evitar os momentos desagradáveis de descontrole. Isto é válido também para profissionais bem sucedidos, pessoas que se preocupam com a qualidade de vida e pessoas que não conseguem verbalizar assertivamente suas insatisfações. A prática clínica vem demonstrando que todos se beneficiam muito com as técnicas utilizadas e com a reestruturação cognitiva que estabelece padrões de comportamento mais adaptativos e compatíveis com a realidade de cada um.
Não há uma fórmula mágica para eliminar o descontrole, mas é preciso estar sempre atento e ter alguém que ajude o paciente a lidar com suas emoções negativas. Durante a terapia ele vai aprendendo a gerenciar a raiva, o estresse e a ansiedade. Passa a questionar problemas que lhe pareciam insolúveis e devastadores. Enfrenta fatos dos quais costumava esquivar-se e reage com tranquilidade às frustrações. É o que chamamos de serenidade aprendida. Uma coisa de cada vez , para viver o dia em sua plenitude. Ou seja, ser feliz hoje.
Fonte: http://www.cruzeirodosul.inf.br/materia/535058/descontrole-emocional-pode-ser-cuidado-em-terapia