Conheça esse modelo de psicoterapia e descubra como ele pode ajudar na melhora da depressão e na redução da ansiedade.
O Modelo Cognitivo
A Terapia Cognitivo-Comportamental é uma abordagem psicoterápica surgida na década de 60 nos Estados Unidos e que vem aprimorando-se constantemente através de estudos e pesquisas que a impulsionam cada vez mais. É uma das principais abordagens utilizadas na atualidade, em países do mundo todo, para tratamento de depressão, fobias, ansiedade e diversos outros transtornos mentais.
O modelo baseia-se na ideia de que não somente vivenciamos os acontecimentos, mas também os avaliamos o tempo todo. Quando interpretamos, julgamos ou tentamos explicar as situações que acontecem, surgem determinadas emoções, reações ou sensações corporais e tendências para ação condizentes com nosso pensamento inicial.
E, embora pensar sobre o que acontece facilite nosso direcionamento no mundo, nossos pensamentos nem sempre são realistas e nem sempre correspondem a realidade. Podemos interpretar as situações de forma exagerada ou distorcida e encarar os pensamentos como se fossem a realidade, quando não são.
Os pensamentos influenciam as emoções e os comportamentos
Por exemplo: imagine que uma pessoa cometa um erro no trabalho, tire uma nota baixa em uma prova ou ofenda alguém de quem gosta durante uma discussão e que, em decorrência disso, comece a dizer para si mesmo: “Eu faço tudo errado mesmo… eu sou a pior pessoa do mundo.”
Como você imagina que alguém que interpreta os erros desta forma irá sentir-se? Provavelmente irá sentir-se culpado, triste, desesperançado e começará a ter diversos pensamentos que confirmarão sua interpretação inicial.
Todos esses pensamentos e sentimentos são compreensíveis e vivenciados todos os dias por muitas pessoas que passam por situações similares. Mas será que existem outras formas de interpretar as situações?
Reestruturação cognitiva: a base da terapia
Será que alguém é realmente um fracasso ou a pior pessoa do mundo só porque errou? Será que ninguém erra ou que acertamos sempre? E será que só porque erramos isso significa que temos menos valor? Será que “tudo”o que fazemos é sempre errado? Será que nosso erro foi intencional?
Perguntas como essa são a base da terapia cognitivo comportamental, pois nos levam a novas maneiras de interpretar a realidade, levando a uma reestruturação cognitiva, ou seja, a uma mudança na forma de pensar. E quando modificamos nossa forma de pensar sobre os acontecimentos, consequentemente modificamos a maneira como nos sentimos ou como nos comportamos.
Imagine que ao invés de pensar: “Eu faço tudo errado mesmo… eu sou a pior pessoa do mundo.” você adotasse uma postura mais compreensiva sobre si mesmo, percebendo que errar faz parte da existência humana, que este não foi o primeiro e nem último erro que você cometeu, que os outros também erram e que isso não nos torna pessoas piores, mas simplesmente seres humanos. E se você dissesse para si mesmo que é possível aprender com seus erros ao invés de culpar-se por eles? Como será que esses pensamentos fariam você se sentir e agir?
A Depressão e a Ansiedade
De acordo com o modelo cognitivo-comportamental os transtornos mentais são decorrentes de maneiras equivocadas e recorrentes de interpretar as situações. Geralmente, essas formas de interpretar o mundo foram aprendidas através das experiências que vivenciamos no decorrer de nossas vidas e continuamos a repeti-las na maioria das nossas experiências atuais.
No entanto, essas interpretações da realidade podem até ter sido válidas em algum momento de nossas vidas, mas será que são válidas ainda hoje e para todas as nossas experiências?
Por exemplo: quando adotamos uma crença de que as pessoas não são confiáveis, certamente tivemos experiências que nos levaram a acreditar nisso. Mas será que nenhuma pessoa é confiável? Será que só porque alguém nos enganou, abandonou ou rejeitou algum dia, isso certamente acontecerá de novo?
A Depressão surge quando começamos a ter uma visão negativa e constante sobre nós mesmos, sobre os outros ou sobre o futuro. São comuns em pessoas que sofrem com a depressão pensamentos como: “Sou um fracasso. Sou chato e desinteressante. Nunca conseguirei um emprego. Nunca alguém irá me amar. Todos me me rejeitam. Ninguém gosta de mim. Meu destino é ficar completamente sozinho.”
Da mesma forma, pessoas que sofrem com Ansiedade costumam fazer previsões sobre o futuro e estar extremamente atentas a qualquer sinal de ameça ou perigo. São comuns pensamentos como: “Não devia ter aceitado dar essa palestra. E se eu disser alguma coisa errada? E se alguém me perguntar algo e eu não souber responder? E se me der um branco e eu esquecer o que tenho que falar? As pessoas vão rir de mim. Ficarei envergonhado na frente de todos. Será terrível. Vou perder meu emprego por causa disso. Ficarei desempregado. Não posso dar essa palestra! Vou inventar uma desculpa e recusar o convite”
Agora imagine como todos esses pensamentos levam as pessoas a se sentirem e a se comportarem. E pense em quais seriam os efeitos, nos sentimentos e no comportamento, se modificassem essa forma de pensar? Ou se trabalhassem para resolver seus temores e dificuldades, ao invés de sofrer tanto com eles?
Terapia Cognitivo Comportamental no tratamento da depressão e ansiedade
A Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) proporciona alivio e controle dos sintomas da depressão e da ansiedade porque, juntamente com outras técnicas comportamentais, favorece a mudança de pensamentos irracionais ou disfuncionais, levando a uma mudança nas emoções e atitudes.
O terapeuta trabalha em conjunto com o paciente para que descubram a origem dos sintomas e do sofrimento atual. Caso os pensamentos distorcidos estejam contribuindo para os sintomas trabalha-se para modificá-los, através da identificação desses pensamentos e utilização de estratégias de reestruturação cognitiva para modificá-los.
Também podem ser usadas técnicas comportamentais, como exposição a situações que geram ansiedade, programação de atividades que melhoram o humor, práticas que promovem o relaxamento, dentre outras.
Caso se constate que os pensamentos são verdadeiros, trabalha-se para solucionar o problema ou dificuldade em questão, através de técnicas de resolução de problemas, estratégias para tomada de decisão ou resolução de conflitos, desenvolvimento de habilidades sociais ou de comunicação, dentre outros.
Em qualquer dos casos, é ofertado ao paciente a psicoeducação, que informa e orienta sobre as características e possíveis causas ou fatores que contribuem para manter o transtorno ou dificuldade, além das estrategias que serão utilizadas para aliviá-los.
Fonte: http://psicologia-feminina.blogspot.com.br/2015/08/como-terapia-cognitivo-comportamental.html