A vida nas redes sociais

Atualizado em 11/12/2019
Por Redatora Casule

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A vida nas redes sociais

Pode não parecer, mas muitas pessoas dão às redes sociais mais importância do que deveriam e até mesmo deixam de viver suas próprias vidas para se preocuparem com as vidas alheias. Relacionamentos acabam, amizades de longa data se desfazem e a conexão com a própria história se perde por que olhar o outro se torna mais atrativo do que olhar para si mesmo e viver a vida de outros poupa as pessoas de ter que lidar com suas questões.

Segundo dados da Anatel, em 2013 já existiam mais celulares no Brasil do que o número de habitantes. Estamos numa época em que estar conectado é algo natural, já faz parte da nossa vivência diária, assim como se alimentar e dormir. O telefone celular chegou a tal ponto em que a função de fazer ligações se tornou a menor delas, a que menos conta na hora de avaliar a compra. A internet chegou para trazer o mundo às nossas mãos, mas a que custo? Informação demais às vezes atrapalha, o universo de estímulos online hoje faz com que se perca o foco e o que deveria ser a solução de muitos problemas está trazendo outros. Por exemplo, a cada pesquisa que se faz na internet aparecem inúmeros resultados com informação disponível do mundo todo chegando fácil até nós, mas se não soubermos o que queremos ficamos zapeando e no final do dia muito tempo foi desperdiçado. Você já percebeu que nunca estivemos tão perdidos e ao mesmo tempo com tanta disponibilidade de informação? Parece que o tempo encurtou para tantos vídeos a serem vistos, tantos perfis para visitar e tantas notícias para se atualizar.

Outro crescimento importante na internet têm sido as mídias sociais que permitem a exposição de forma exagerada da vida privada. Estar por trás de um perfil dá a segurança do distanciamento, da superficialidade, pois conhecer alguém pessoalmente nos permite um olhar diferente do que temos se conhecemos alguém pelas postagens. Numa conversa olho no olho podemos perceber nuances de uma entonação de voz, um trejeito ou um olhar, mas com o filtro da tela, a nossa percepção fica prejudicada. Essa realidade paralela dá uma falsa impressão de anonimato o que acaba por dar margem à expressão da agressividade, da sexualidade descontrolada e das intolerâncias. Palavras escritas podem ser apagadas, fotos podem ser manipuladas ou trocadas, perfis podem ter a informação que se deseja colocar.

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Assistir a vida perfeita de um outro que muitas vezes nem se conhece pessoalmente virou a febre, seguir pessoas que têm um estilo de vida “perfeito” e “desejado”. As redes sociais estão recheadas de padrões inalcançáveis, de felicidades irreais e de pessoas “bem-sucedidas” que atraem seguidores que compram a ideia. Cada um coloca na rede o que lhe convém, o personagem que deseja mostrar aos outros e é neste ponto que eu quero chegar. Lidar com tantas vidas “perfeitas” tem trazido sofrimento a algumas pessoas enquanto outras postam como se tudo não passasse de um jogo em que existe uma competição pelo número de curtidas e visualizações ou pelo melhor estilo de vida. 

As redes sociais são um palco onde cada um se transforma no que quer ser, mas a plateia precisa estar consciente de que a vida real pode não ser o tempo todo daquela forma, naquela felicidade toda. Aprender a diferenciar a vida real da vida de redes sociais é uma nova habilidade que precisamos aprender. Se formos comparar as redes sociais com um álbum de fotos que temos em casa, conseguiremos entender um pouco mais o fato de que só montamos nosso álbum particular com fotos que gostamos, que nos representa, mas não significa que nossos dias são só aquilo que aparece nas fotos. 

Muitas vezes uma pessoa trabalhou o dia todo e quando chegou na hora do happy hour postou uma foto num bar com os amigos, depois tirou férias merecidas e colocou na rede, o que pode levar ao erro de pensar que ele ou ela não trabalha, que só vive a vida viajando ou se divertindo quando na verdade esta pessoa gosta de postar em seu perfil fotos de seus momentos de lazer.

A saúde mental também passa por este caminho, saber diferenciar o que é real do que é um registro de momentos que a pessoa considera legal compartilhar. Menos julgamento e mais olhar para si mesmo podem ser o começo de uma relação mais feliz com os perfis que inundam cada vez mais o nosso feed das redes sociais.

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