A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é o tipo de terapia que tem se mostrado mais eficaz no tratamento de diversos transtornos psiquiátricos, como depressão, ansiedade, pânico, fobia social, fobias, compulsões e adições (vícios). Mas o que é a TCC? Em que ela é diferente das demais terapias?
Aaron Beck era um psiquiatra e psicanalista que lecionava como professor na University of Pensilvania, no início da década de 60. Observando seus pacientes deprimidos, ele observou que pensamentos negativos ec renças distorcidas pareciam ser um aspecto central no discurso destes pacientes. Desenvolveu então um tratamento de curta duração cujo principal objetivo era identificar e questionar a veracidade dessas crenças. Para Beck, o que vinha primeiro na depressão era uma forma negativa de interpretar os acontecimentos. Ao interpretar eventos neutros de forma negativa, o paciente se sentia triste e desconfortável e, a partir daí, agia de forma a perpetuar essa depressão, com comportamentos depressivos (como ficar na cama o dia inteiro).
A TCC nos ensina técnicas para melhorar nosso humor através da reestruturação da forma de processar informações
Exemplificando, digamos que João, ao ser chamado atenção pelo seu chefe, teve o seguinte pensamento automático: “Eu faço tudo errado mesmo. Sou um fracassado.” A partir daí, passou o dia todo desanimado e quieto na sua mesa (reagiu com um comportamento depressivo e se isolou).
Neste caso, o paciente deixou de considerar outras variáveis (o chefe podia estar sendo exigente demais) e fez uma generalização (“eu faço TUDO errado” ao invés de “eu não fiz ESTE trabalho da forma que meu chefe gostaria que eu tivesse feito”.)
Além disso, ele concluiu automaticamente que, por ter cometido uma falha no trabalho, ele era “um fracasso”.
Se este paciente conseguisse pensar de forma mais funcional, ele perceberia que ter frustrado uma expectativa de seu chefe não significa que ele faz tudo errado e, muito menos, que é um fracassado. Não teria se sentido tão decepcionado e envergonhado e não teria tido a atitude de passar o dia isolado na sua mesa de trabalho.
Beck acreditava, portanto, que, se conseguisse mudar os pensamentos negativos das pessoas com depressão, conseguiria melhorar o humor e o comportamento delas. Esse tipo de terapia foi denominada terapia cognitivo-comportamental (TCC). Podemos aprender a analisar os pensamentos para que eles funcionem a nosso favor
CRENÇAS QUE NOS FAZEM SOFRER
Começando na infância, as pessoas desenvolvem algumas crenças sobre si mesmas, os outros e o mundo. Essas crenças são extremamente arraigadas, de tal forma que a pessoa as aceita como verdades absolutas e nunca as questiona. Uma vez que essas crenças estejam estabelecidas, a pessoa tende a focalizar tudo o que comprova essas crenças e a descartar ou desconsiderar qualquer evidência que as contradiga.
Essas crenças se dividem em 3 grandes grupos:
1- Crenças de desamor (ninguém nunca vai me amar, não sou bom o bastante para ser amado, sempre vou ser rejeitado, vou morrer sozinho…)
2- Crenças de desamparo (sou muito frágil em um mundo perigoso, alguma desgraça vai me acontecer e sou impotente frente a isso, não posso contar com ninguém…)
3- Crenças de desvalor (não consigo fazer as coisas direito, não vou ter sucesso como as outras pessoas, sou um fracassado, não tenho valor, tenho muito mais defeitos do que os outros….)
A TCC é menos “profunda” que outros tipo de terapia?
Não. Esse é um erro comum de quem não conhece a terapia cognitivo-comportamental. A TCC tem resultados duradouros, porque modifica as crenças centrais do paciente sobre si mesmo e sobre o mundo, quando essas crenças são disfuncionais. Assim, a pessoa fica menos sujeita a cometer “erros” de interpretação que distorcem a realidade.
Fonte: http://psiquiatrarj.com.br/tema/terapia-cognitivo-comportamental-como-funciona/