Aproximadamente 5% dos casos são carregados após a infância
Ao falar em Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), muitas vezes pensa-se exclusivamente em crianças. Porém, esses distúrbios podem fazer parte do diagnóstico de um adolescente ou de um adulto que carregou consigo os sintomas ao longo dos anos. A análise é da médica especializada em pediatria e neurologia, e membro do Comitê de Neuro da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Magda Lahorgue Nunes.
— Atualmente, esse diagnóstico é feito em torno de seis a sete anos de idade, sendo que alguns casos os sintomas já podem ser percebidos antes. O que é interessante é que antes se pensava que era exclusividade de crianças e percebe-se que agora podem ser observados também na vida adulta — afirma a médica.
Estudos mostram que o TDAH, com base em uma média mundial, possa chegar a 5,5 casos em cada mil crianças, índice considerado alto. Em aproximadamente 4% a 5% dos casos pode persistir na vida adulta. Os sintomas mais comuns são desatenção, atividade motora excessiva e impulsividade. Esses sinais podem aparecer separadamente ou de forma mista. Por se tratar de características comuns no comportamento infantil, o diagnóstico torna-se mais difícil.
— Muitas vezes, pode acontecer um subdiagnóstico ou um diagnóstico extrapolado, dependendo de como se avalia. Outro desafio é que não há um marcador biológico, ou seja, não há um exame clínico que se faça para dizer se é ou não é um transtorno comportamental. Trata-se de uma avaliação baseada em sintomas — completa Magda.
O tratamento é feito a base de medicamentos e manejos que podem ser bem comuns como, por exemplo, colocar a criança mais à frente na sala de aula ou promover o aumento de supervisão. Também é importante avaliar se existe alguma comorbidade, pois outros transtornos comportamentais podem ser associados.
— Um alerta é não achar que o medicamento resolve tudo. O tratamento é importante, mas está dentro de um contexto que inclui modificação e auxílio na organização da vida da criança impondo rotina e limites — completa Magda.
Um dos fatores considerados na avaliação é de que os problemas precisam acontecer em três diferentes ambientes sociais. Por exemplo: se só acontece na escola e não ocorre em casa, ou vice-versa, é possível desconfiar que não é uma doença em si, mas sim a ocorrência de fatos isolados.
FONTE: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2013/09/transtornos-comportamentais-infantis-podem-persistir-na-vida-adulta-4264022.html