A adolescência é uma fase de transformação e também um momento onde somos tomados por intensos sentimentos conflitantes, mudanças significativas corporais e de comportamentos. Momento onde é natural voltarmos pra dentro de nós mesmos, nos tornando mais introspectivos.
O déficit de atenção/hiperatividade é um transtorno neurobiológico de causas genéticas em até 75% dos casos, muito comum em crianças e adolescentes, ocorrendo em 3 a 5% das crianças de variadas regiões diferentes do mundo. Caracteriza-se por sintomas persistentes de desatenção, inquietude e impulsividade que se inicia na infância, geralmente diagnosticado na adolescência e podendo acompanhar o indivíduo por toda a sua vida.
O TDAH (transtorno do Déficit de atenção e hiperatividade) pode ser basicamente classificado em três tipos:
1) Com predomínio de sintomas de desatenção;
2) Com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade;
3) Com sintomas combinados.
Principais sintomas
O diagnóstico de TDAH deve ser realizado cuidadosamente por um profissional capacitado e não se dá simplesmente pelo aparecimento de um ou mais sintomas descritos, mas sim pelo todo que deve ser avaliado, inclusive o possível sofrimentos psíquico que este jovem possui em silêncio.
É comum que profissionais da educação consigam identificar mais facilmente alguns casos, pois este transtorno pode provocar importantes prejuízos no funcionamento global de jovens, alastrando-se para a idade adulta, podendo gerar crescente prejuízo acadêmico, emocional e familiar.
Sintomas de desatenção: Deixar de prestar atenção a detalhes ou cometer erros por descuido em atividades gerais/escolares; Não ouvir quando alguém lhe dirige a palavra; Não conseguir seguir instruções ou completar deveres de casa; Dificuldade para organizar tarefas que exijam esforço mental prolongado; Facilidade em perder objetos por ser facilmente distraído pelos estímulos externos ou mesmo ser tomado por pensamentos não relacionados às atividades que estão sendo realizadas.
Sintomas da hiperatividade/Impulsividade: Agitação como se remexer ou batucar mãos e pés; Não conseguir manter-se em situações nas quais se espera determinada permanecia de tempo; Correr ou subir nas coisas, em situações onde isso é inapropriado (crianças); Sensações de inquietude (adultos); Não sentir-se confortável parado por muito tempo; Falar demais;
Riscos do não tratamento
Os pacientes de TDAH possuem maiores chances de desenvolver rebaixamento da autoestima e dificuldades de relacionamentos com colegas e familiares (pais), alguns casos apresentam até mesmo envolvimentos em atos de delinquência. Estes pacientes estão associados a um maior risco de desempenho escolar deficiente, repetências, expulsões e suspensões escolares. Assim como possuem alto nível de ansiedade, depressão e até mesmo dificuldades de relacionamentos na vida adulta como casamento e trabalho. Estudos revelaram taxas elevadas da ocorrência de transtornos psiquiátricos como transtornos do humor, ansiosos e de comportamento.
Tratamento e apoio familiar
Alguns tratamentos mais graves incluem uso de medicação, porém sempre mediados pelo acompanhamento psicoterápico e reforço escolar, pois é fundamental educar também a família com informações claras e precisas, possibilitando que aprendam compreender e manejar os sintomas dos filhos.
Intervenções no âmbito escolar são importantíssimas, professores orientados, salas com menor quantidade de alunos, rotinas diárias consistentes que auxiliem no controle emocional destes jovens, estratégias de ensino com tarefas mais breves e explicações passo a passo são importantes ao aluno com TDAH, pois os mesmos necessitam de atendimento individualizado, fator pelos quais muitos pais buscam o reforço escolar com profissionais autônomos, considerando que grande parte destes jovens já apresenta lacunas no aprendizado ao serem diagnosticados. O TDAH não é uma dificuldade de aprendizado como a dislexia, mas suas características atrapalham grandemente o rendimento dos estudos.
A psicoterapia individual é também indicada para cuidar das comorbidades deste transtorno, incluindo treinos comportamentais e mediação dos transtornos de humor ou ansiedade, baixa estima, impulsos e capacidades sociais pobres, restabelecendo vínculos familiares enfraquecidos e promovendo maior qualidade de vida e reconhecimento destes jovens.
Fonte: http://jeonline.com.br/coluna/922/o-sofrimento-de-jovens-com-deficit-de-atencao