Sentir medo faz parte da vida. Não temos como não sentir medo. Esta forte emoção que se faz sentir sempre de forma abrupta, serve-nos. O medo é protetor, ativa o nosso organismo para que rapidamente possamos monitorar o ambiente que nos rodeia à procura da possível ameaça, percebida ou imaginada. A resposta fisiológica de medo, ou seja, as sensações que se fazem sentir no nosso corpo, quando detetamos um “gatilho” que nos perturba, tem por função alertar-nos para algo e igualmente disponibilizar grandes quantidades de energia para a ação. Mas esta resposta, quando é disparada recorrentemente, causa-nos danos.
No mundo moderno o medo tem muitas “rostos”, e a qualquer momento deparamo-nos com os muitos rostos familiares que o medo adquiriu. Medo de não conseguir passar no exame, medo de falar com o chefe, medo de falar em público, medo de perder o relacionamento, medo de não ter dinheiro para pagar as despesas, medo do fracasso. Com tantos medos a serem disparados em nós, a tendência é que o medo, de uma forma geral, se apodere da nossa vida. Quando este processo se faz sentir, desenvolve-se medo de vir a ter medo. O que em muitos de nós se faz sentir na forma de ataques de pânico.
POEMA
O medo,
Sinto-o, experimento-o no meu corpo,
Chega abruptamente, invade-me a iniciativa, corta-me a confiança, aniquila-me a esperança,
Prende-me os passos, escurece-me os pensamentos,
Náuseas, nó na garganta, coração a sair pela boca,
O medo toma conta de mim,
Rouba-me os sonhos, enfraquece-me, acinzenta-me as habilidades,
Medo, sempre ele que me impede o sorriso, que me tolda a liberdade,
Medo de fracassar, medo de não falar a coisa certa,
Aquele medo que se transforma em vergonha, que verga a minha opinião, que me inibe de expressar as vontades,
Medo de perder o emprego, medo de deixar de amar, medo do que está para vir,
O medo enraizou-se, domina-me, pensa por mim, age em meu nome,
O medo nunca me defende,
Sim, devia defender-me, porque não o faz?
O medo paralisante, ostracizador, repugnante,
O medo sanguessuga,
O medo que perdeu a sua funcionalidade,
O medo que não me serve mais,
O medo que eu repugno,
O medo do qual eu me liberto,
Agitação, sudação, tensão, dor de barriga, pernas trémulas, não me amedrontam mais,
O medo e os seus sintomas, os seus pensamentos, não são mais o meu medo,
Renuncio ao meu medo,
Eu não sou o meu medo, não quero ser e não mais serei,
Liberto-me, abraço a possibilidade de caminhar tranquilo, confiante e otimista,
O otimismo pinta o meu dia, clarifica-me o pensamento, enaltece-me a vontade, injeta-me energia,
O otimismo promove-me a eficácia, liberta-me a criatividade,
Otimisticamente enfraqueci o medo,
Fortaleci-me, guiei-me, encaminhei-me para o espaço onde existe a possibilidade de aplicar o meu otimismo, sem medo.
– Miguel Lucas
Fonte: http://www.escolapsicologia.com/um-breve-poema-para-libertar-se-do-medo-paralisante/