Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

Atualizado em 01/07/2015
Por Editor de Conteúdo

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Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

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Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) é o termo que tem sido utilizado para denominar crianças que apresentam um padrão comportamental caracterizado por hiperatividade e/ou desatenção/impulsividade, acima do esperado para a faixa etária ou estágio de desenvolvimento.

O TDAH, considerado um problema neuropsiquiátrico, tem como principais manifestações a desatenção, a impulsividade e a hiperatividade. De origem biológica marcada pela hereditariedade, manifesta-se antes dos sete anos de idade, podendo persistir até a idade adulta.

Embora pacientes com diagnóstico de TDAH tenham características comuns, existe grande variabilidade na forma e no comportamento individual de crianças em vários contextos. Muitas destas crianças, entretanto, são alvos de críticas freqüentes e excessivas. Essas críticas e a falta de paciência, perfeitamente compreensíveis sob a perspectiva dos pais ou cuidadores, muitas vezes fazem com que a criança retraia-se, apresente auto-estima diminuída ou manifeste comportamento agressivo e impulsivo.

O tratamento medicamentoso tem sido freqüentemente indicado após o diagnóstico de TDAH. A medicação mais utilizada é o estimulante metilfenidrato (ritalina), o qual promove uma melhora significativa do problema. A inquietude sem um propósito definido torna-se mais dirigida a um objetivo, e a atenção sustentada melhora assim como a impulsividade. Respostas sociais positivas também foram observadas. Mas como funciona esse medicamento? Os estimulantes são assim denominados por causa da sua capacidade de aumentar o nível de atividade do cérebro. Por que então eles não fazem as pessoas mais hiperativas? Porque parece que a área cerebral que eles ativam é a responsável pela inibição comportamental e manutenção da atenção. Assim, aumenta o controle do cérebro sobre o comportamento. Esta área corresponde àquela onde se acredita estar as principais alterações responsáveis pelo TDAH

Além do tratamento medicamentoso, uma abordagem múltipla, que inclui intervenções psicossociais e farmacológica, tem sido relatada em estudos. Assim, é importante enfatizar a importância e o impacto positivo que o apoio familiar, escolar e social pode ter sobre o manejo do problema. Estimulada e apoiada, a criança participa ativamente do tratamento, evidenciando freqüentemente criatividade e entusiasmo no manejo das dificuldades associadas ao TDAH.

Características do TDAH

A característica básica do TDAH é a presença de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade, com freqüência e intensidade superiores às tipicamente observadas em crianças do mesmo sexo e nível de desenvolvimento, que comprometem o funcionamento em pelo menos dois contextos (na escola e em casa).

As principais dificuldades apresentadas por estas crianças incluem manter a atenção concentrada, esforçar-se de forma persistente e manter-se vigilante. Embora possam estar presentes em ambientes pouco restritivos (parquinhos, clubes), estas dificuldades ficam mais evidentes em situações que requerem atenção por longos períodos de tempo e durante a realização de tarefas repetitivas, como ocorre na escola.

A criança com TDAH pode demonstrar falha importante na produção escrita, devido ao déficit visual motor, causando desta forma, dificuldade de coordenação viso-motora e, conseqüentemente, baixa resposta motora. Pode apresentar dificuldades em tarefas nas quais tenha de escrever, desenhar, traçar e copiar. Ocasionalmente, a criança pode perseverar em uma mesma atividade por uma considerável quantia de tempo, tendo uma coordenação visual-motora pobre. Essas crianças apresentam também leitura deficiente, tendo dificuldade em associar compreensão fonética aos sons das letras do alfabeto e habilidades relacionadas, como também, dificuldade de compreensão, observada em exercícios de interpretação de textos, apesar de apresentar um bom vocabulário. Demonstra erros de memória. Esquece instruções, direções e lições. A retenção geral de informação é difícil para ela; demonstra dificuldades para lembrar informações, se não tiver pistas visuais, pois trabalha melhor em nível concreto. As dificuldades de atenção e a falta de controle, que caracterizam esse transtorno, intensificam-se em situações de grupo, dificultando, ainda mais, a percepção seletiva dos estímulos relevante, a estruturação e a execução adequada das tarefas (como observado na sala de aula e nas aulas de educação física, por exemplo).

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Sintomas

Sintomas da desatenção:

  • Não presta atenção a detalhes, como, por exemplo, na escola, não copia da lousa uma frase completa, não acentua palavras corretamente, não pinga o i e não corta a letra t;
  • Ao fazer contas de somas, faz de subtrair. Não porque não sabia, mas porque não prestou atenção no sinal;
  • Pode apresentar o trabalho escolar confuso e desorganizado.
  • Escreve no caderno do final para o começo, pula folhas, passa o conteúdo de história para a parte que é de português, e seus cadernos, geralmente, não têm capas e as folhas destes possuem “orelhas”;
  • Os materiais para a realização das tarefas em geral ficam espalhados, manuseados com descuido ou se perdem e se danificam;
  • Sua mochila escola, assim como seu guarda-roupa, está sempre uma “bagunça”. Nunca encontra o que procura;
  • Evita atividades que envolvam atenção, como leitura ou brincadeiras de tabuleiro (dama, xadrez), pois considera difícil persistir em uma mesma tarefa até o seu término. Dá a impressão de estar com a mente em outro lugar, ou de não escutar o que acabou de ser dito, estando sempre perguntando O quê? O que você falou mesmo?;
  • Apresenta freqüentes mudanças de uma tarefa inacabada para outra;
  • Dificilmente consegue terminar o trabalho escolar, alegando que não tem tempo suficiente para acabar de copiar a lição da lousa, ou que o colega da frente conversou muito e acabou atrapalhando;
  • Evitam, ao máximo, deterem-se em atividades que exijam dedicação, organização e concentração e que tenham que “perder” tempo para “pensar”;
  • Distraem-se facilmente com estímulos sem importância e interrompem as tarefas que estão realizando para dar atenção aos barulhos e ruídos alheios, que são facilmente ignorados por outras crianças;
  • Tendem a esquecer coisas nas atividades diárias. Esquecem-se de levar lanche, de levar material necessário para a escola (lápis, borracha), de entregar os trabalhos, do dia da prova e de dar recados importantes.
  • Parecem estar sempre no “mundo da lua”;

Sintomas de hiperatividade (atividade motora excessiva):

  • A criança apresenta atividade corporal excessiva e desorganizada, geralmente sem ter um objetivo concreto;
  • Podem surgir, em função dessa atividade motora desorganizada, dificuldades em nível de motricidade grossa (por exemplo, dificuldades de coordenação visual-manual), observando-se movimentos involuntários de dedos que interferem na realização de certas tarefas;
  • Inquietação (remexer-se na cadeira, não permanecer sentado quando deveria, correr ou subir excessivamente em coisas quando inapropriado, dificuldade em brincar ou ficar em silêncio durante as atividades de lazer, parecer estar a “todo vapor” ou “cheio de gás”, ou ainda, falar em excesso);
  • Na fase adulta, os sintomas de hiperatividade assumem a forma de sensações de inquietação e dificuldade para envolver-se em atividades tranquilas, sedentárias e rotineiras.

Sintomas de impulsividade ou falta de autocontrole:

  • Observa-se uma tendência à satisfação imediata de seus desejos e pouca tolerância à frustração;
  • Impaciência
  • Dificuldade para adiar respostas, respondendo precipitadamente, antes que as perguntas tenham sido completadas;
  • Dificuldade para aguardar a sua vez na fila;
  • Interrupção freqüente ou intrusão nos assuntos de outros, a ponto de causar dificuldades em contextos sociais, escolares ou profissionais, ou ainda, dificuldade em se expressar adequadamente;
  • Fazem comentários inoportunos, interrompendo demais os outros, interferindo em assuntos alheios, pegando objetos dos outros, mexendo em coisas que não deveria tocar e fazendo “palhaçadas”;
  • Derrubar com facilidade objetos das mãos, não olhar por onde anda, tropeçar em objetos e colidir com pessoas, podendo se envolver em atividades perigosas sem analisar suas conseqüências;
  • Não tem medo do perigo;
  • Geralmente não pensam antes de agir;
  • Podem reagir emocionalmente a algum estímulo com choro, birra ou explosão de raiva, às vezes sob a forma de agressão direta ou atacando o outro verbalmente;
  • Para alguns, há um predomínio de um sintoma em relação ao outro, podendo haver pessoas que apresentam os sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade e impulsividade; outras em que estão presentes principalmente sintomas de desatenção; e outras que apresentam principalmente sintomas de hiperatividade.

Prevalência, Evolução e Impacto do TDAH

A prevalência do transtorno é estimada de 3 a 7% em crianças em idade escolar, com maior freqüência para o sexo masculino. A proporção de menino para menina varia de 4:1 a 9:1.

Como o TDAH é um problema crônico, pode ter um impacto significativo ao longo da vida, atingindo o desempenho acadêmico e as relações sociais e familiares.

O TDAH pode dificultar os relacionamentos afetivos e sociais, e a impulsividade gerar rejeições entre colegas de escola e professores. Características negativas podem estar associadas aos diferentes estágios de desenvolvimento. São acumuladas, podendo levar a sérios comprometimentos futuros: baixa auto-estima até os sete anos, problemas de comportamento, atraso na aquisição do repertório acadêmico e déficit em habilidades sociais até os 11 anos. Dos 13 anos até a idade adulta, comportamento desafiador e opositivo, comportamento criminoso, expulsão da escola, abuso de substâncias, baixa motivação e dificuldades de aprendizagem.

Em síntese, o TDAH é um transtorno comum na infância e pode ter um impacto significativo sobre o desenvolvimento posterior. O tratamento requer uma abordagem sistêmica, uma vez que nenhum tipo de tratamento abrange todas as dificuldades experimentadas por estas crianças e adolescentes. Os enfoques terapêuticos importantes incluem educação sobre o transtorno para todos que têm contato com a criança, como família e professores. Orientações de como lidar com esse transtorno são necessárias para os pais e a escola, dois pilares essenciais para o desenvolvimento da criança.

A orientação e/ou aconselhamento de pais ou cuidadores e professores visam facilitar o convívio familiar, escolar e social. Não apenas porque auxiliam na compreensão do comportamento do portador do TDAH, mas também porque incluem o ensino de técnicas para auxiliar no manejo dos sintomas e prevenção de problemas.

Em Juiz de Fora, oferecemos tratamento especializado, de base cognitivo-comportamental, na Casule Saúde e Bem-estar. Acesse nosso site!

Nayara Benevenuto Peron

Psicóloga e Terapeuta Cognitivo-Comportamental da Casule Saúde e Bem-estar

Referências:

Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade: Atualização Diagnóstica e Terapêutica – Um guia de orientação para profissionais (Benczik, 2000) Casa do Psicólogo; e no artigo Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade(TDAH): uma orientação para a família (Desidério & Miyazaki). Revista Psicol. esc. educ. v.11 n.1 Campinas jun. 2007.

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