Atualmente é comum ouvirmos as pessoas dizerem que alguém que está passando por uma variação de humor é bipolar. Mas será que há algo de errado em termos mudanças de humor ao longo dos nossos dias?
Manter o humor de forma linear e perfeitamente equilibrado, o chamado eutímico, é algo pouco provável que alguém alcance. Isso se deve ao fato de que questões internas e externas fazem com que o nosso humor seja oscilante, é comum que nós comecemos bem o dia – felizes, animados, esperançosos – e no decorrer do dia, após algo não sair da forma como esperávamos, esse bom humor se transformar em mau humor. E isso não quer dizer necessariamente que a pessoa tem transtorno bipolar.
O que caracteriza o transtorno bipolar?
O transtorno bipolar é caracterizado por períodos de depressão, seguidos por uma fase de estabilidade do humor e após uma fase em que vivenciará uma euforia (mania). A mudança de humor pode durar por semanas ou meses e é comum que a pessoa só perceba algo errado e busque ajuda, quando entrar na fase depressiva. Isso se deve ao fato de que a depressão é mais incapacitante do que a mania que é assinalada por episódios em que o paciente se sente cheio de energia. Algumas pessoas apresentam oscilações de humor menos graves quando entram na mania (chamada hipomania) e sentem-se, quando estão neste quadro, muito produtivas e dispostas.
Possíveis causas para o transtorno bipolar
Acredita-se que fatores diversos estejam envolvidos nas causas que levam as pessoas a ter o transtorno bipolar, embora ainda não se conheça a origem exata para as variações de humor, alguns dos motivos são:
- Hereditariedade: a probabilidade de desenvolver a doença é maior quando se tem histórico de transtorno bipolar na família.
- Fatores externos: o meio em que a pessoa está inserida pode estar relacionado com o desenvolvimento do transtorno bipolar, como por exemplo: ter vivenciado experiências traumáticas (falecimento de pessoas queridas, abuso sexual, estresse, etc).
- Hormônios: uma das possíveis causas para o transtorno bipolar é o desequilíbrio hormonal.
- Neurotransmissores: Acredita-se que outro importante fator nas causas do transtorno bipolar seja um desequilíbrio entre os neurotransmissores
O transtorno bipolar afeta a relação com os familiares e amigos?
Quando um amigo ou parente é diagnosticado com transtorno bipolar, de alguma forma todos que convivem com ele são afetados. Não é fácil ter que lidar com as mudanças de humor e isso pode ser estressante, principalmente para aquele que exerce a função de cuidador. Assim, é importante que o cuidador também tenha atenção com a própria saúde e procure ajuda em grupos ou faça psicoterapia. Sentir-se cuidado também pode ajudar a manter o seu nível de estresse mais baixo e com isso, será mais fácil desempenhar seu papel de cuidador nesse momento.
É importante que o paciente tenha consciência do que é o transtorno, da necessidade do seu comprometimento no tratamento, em tomar a medicação no horário correto e que este será um tratamento para toda a vida. É importante que o paciente tome a medicação de forma correta e não somente nas fases depressivas quando os incômodos são maiores, além disso, o paciente não deve se automedicar nem mesmo com antigripais, analgésicos ou antialérgicos, por exemplo, pois os ativos misturados com os dos medicamentos para o transtorno bipolar podem gerar efeitos adversos. Outro cuidado que o paciente deve tomar é de deixar de consumir álcool e outras drogas.
É importante que todas as vezes que o paciente perceber que está entrando em um novo episódio de humor, que ele comunique ao seu médico e busque observar os desejos e pensamentos que ele observa nesta fase.
Quais são os objetivos da psicoterapia no transtorno bipolar?
No transtorno bipolar é comum que os episódios de depressão e mania voltem mesmo em pacientes em tratamento. Isso se deve ao fato de que não se conhece medicamentos ou tratamentos que curem o transtorno. Desta forma, os principais objetivos da terapia para este transtorno são:
- Auxiliar o paciente a agir da melhor forma possível entre os episódios
- Tornar menos grave e frequente os episódios
- Evitar a alternância entre a mania e a depressão
- Impedir os comportamentos autodestrutivos e o suicídio
- Reduzir a necessidade de hospitalização