A saúde mental faz parte de um conjunto de características condicionantes da nossa qualidade de vida e bem estar. Muitos fatores estão envolvidos no desenvolvimento dessa condição da mente, interferindo e variando em muitos aspectos, de acordo com características pessoais, momentos de vida e eventos externos. A forma como a pessoa organiza as situações experimentadas, seus pensamentos e sentimentos, bem como formas de ação, refletem sua condição mental, podendo ainda alterar tal qualidade.
Se o estado da mente, com suas influências na vida saudável, está conectado ao ambiente interno (pensamentos, memórias, valores, etc.) e ao ambiente externo (cultura, relações sociais, contexto histórico, etc.), sem dúvidas a era do imediatismo impacta na saúde mental. Isso ocorre porque o contexto digital e avanços das diferentes tecnologias têm fomentado a ideia de que nada pode esperar, e que sofrimentos e frustrações são intoleráveis. Mas como fazer se grande parte das coisas continuam fora do nosso controle, e as emoções incômodas insistem em aparecer?
O discernimento entre aquilo que podemos controlar e aquilo que devemos aceitar como condição do momento está cada vez mais escasso. Muitas vezes esses fatores se misturam, e estados de estresse e ansiedade são engatilhados na ânsia de assumir o controle de tudo, evitando assim a frustração e o desconforto. Separar aquilo que controlamos, para fazê-lo da melhor forma, e respeitar o que foge ao controle, entendendo as condições e agindo a partir delas, sem perder nosso propósito e o que traz sentido a vida que construímos, é um passo importante para nos adaptarmos no meio.
Muitas vezes nos encontramos em processos, como: crescimento profissional, recuperação de uma condição física, mudança de hábitos, passagem por um momento difícil ou de perda, entre outros, e a urgência pode acabar “atropelando” as etapas necessárias para cada objetivo. Mas por que tanta urgência? O mundo acelerado cria uma percepção de que apenas o resultado final indica sucesso, e que o tempo é muito curto para que as coisas aconteçam dentro de seus processos, provocando assim um estado de ansiedade e impaciência que potencializa ações impulsivas, crises emocionais e dificuldade de auto gerenciamento.
A tentativa de evitar o desconforto, assumir o controle de tudo e atropelar os momentos em nome de eternos resultados, transforma dificuldades em grandes fracassos, ativando crenças de baixo valor e impotência. Assim, a pessoa passa a atribuir a si características negativas, pressionando-se ainda mais, de forma a ser menos tolerante a erros e estados incômodos.
Nesse cenário, quatro pontos são importantes:
1) ter clareza sobre o que está no controle e atuar sobre tal;
2) aceitar as condições independentes, agindo com propósito, apesar delas;
3) respeitar as etapas dos processos, sendo paciente e aprendendo com cada momento;
4) respeitar seus limites e ouvir suas emoções, mesmo as mais desconfortáveis, entendendo e tolerando cada condição emocional, descobrindo assim seus pontos fortes e fracos.
Assim, torna-se mais fácil entender o tempo das coisas, potencializando nosso poder de ação sobre elas.