Ao longo deste texto vão sendo apresentadas especificidades que caracterizam esta forma de pensar e de fazer. Antes de lhe dar início coloque-se as seguintes perguntas: sente uma atenção extrema com organização, controlo e perfeccionismo? Tem dificuldade em ser flexível, em se adaptar a mudanças ou aprendizagens? Pois bem, se estes comportamentos estão a tomar conta de si, a dominá-lo e a condicioná-lo, este texto pode bem ser o impulsionador para a resposta que procura.
Continue atento e perceba se se revê nos exemplos que vão sendo enunciados e se estes o descrevem de forma permanente, acabando por o prejudicar nas suas funções, papeis e actividades no dia-a-dia, nas esferas social, profissional e familiar.
Concretizando, perceba se se preocupa excessivamente com pormenores triviais, regras, listas, ordens, organizações ou esquemas ao ponto de perder a própria finalidade da actividade que está a realizar, ou seja, como se o essencial das tarefas que realiza acabasse por ser: cumprir de forma criteriosa as regras por si definidas. (por exemplo, não completa um projecto porque este não segue a 100% a estrutura ou os pormenores que decidiu que a ele se adequam).
Pode também ser tão perfeccionista que procura continuamente a perfeição em tudo o que faz, revendo as tarefas vezes sem fim, com a sensação de que há sempre mais correcções a fazer. Estas duas características contribuem para uma grande limitação em definir prioridades (por exemplo, em escolher o que é urgente – prazos – e o que é importante – objectivos).
Devido a este excesso de zelo pode acontecer que se dedique tanto ao trabalho, à responsabilidade e à produtividade que se afaste totalmente dos seus amigos, hobbies e lazer. Acredita que “não pode perder tempo”, o que o impede de relaxar e aproveitar os bons momentos, levando consigo tarefas de trabalho para “aproveitar bem o tempo” e assim sentir menos desconforto mesmo quando vai de férias. Até os momentos de humor e diversão são para si momentos de responsabilidade, o que deixa frustradas as pessoas que o rodeiam.
Existe também a possibilidade de se focar imensamente em tarefas domésticas ou de higiene, repetindo muitas acções como forma de “garantir” que tudo está organizado e limpo.
Uma outra característica que o pode dominar é estar hiper-consciente da moral, regras, ética ou valores ao ponto em que são elas que decidem o seu dia-a-dia, havendo grande ansiedade sempre que alguma é desrespeitada. O seu lado crítico está desenvolvido de tal forma que qualquer falha que possa cometer, em relação a estes “imperativos” o leva a sentir-se terrivelmente culpado e incapaz, procurando rapidamente a correcção meticulosa da situação (o que também é válido para as pessoas que o rodeiam, podendo criticá-las frequentemente).
Observe agora a sua casa, o seu automóvel e o seu local de trabalho. Pode sentir-se incapaz de se libertar de objectos sem utilidade, mesmo que não tenham qualquer valor sentimental, por pensar que nunca se sabe quando serão úteis, mesmo que quem o rodeie reclame com a quantidade de “tralha” acumulada.
Observe-se agora no seu local de trabalho, e repare como lhe é difícil delegar tarefas. Parece-lhe imprudente visto que desconfia que alguém possa realizar as tarefas que tem em mente, a não ser que siga detalhadamente o seu procedimento. É que para si, existe um modo único e rígido de realizar uma tarefa como pintar uma parede, cozinhar um bife ou enviar um email. Na verdade, é-lhe muito difícil trabalhar em equipa dado que cada pessoa tem o seu modo próprio de trabalhar.
A nível financeiro, existe a possibilidade de você viver abaixo das suas reais possibilidades visto lhe parecer que tem de estar preparado para qualquer eventualidade, imprevisto ou catástrofe acabando por controlar rigidamente as suas despesas, verificando constantemente o orçamento, para que não haja “derrapagens”.
Está tão preocupado com o modo “correcto” das tarefas serem realizadas, que não está receptivo a sugestões vindas de outros, pois é-lhe extremamente difícil ver a vida pela perspectiva deles. Para si, tudo tem de estar bem planeado e estruturado. Nada pode falhar!
Pode também perceber que não lhe parece natural a expressão dos afectos visto que o faz de uma forma controlada e rígida, valorizando a lógica e o intelecto em detrimento da expressão da afectividade.
Por fim, gostaríamos de lhe dizer que estas características presentes de forma moderada podem ser adaptativas e a verdade é que vivemos numa sociedade que valoriza e premeia algumas destas, como: a atenção ao detalhe, disciplina, controlo emocional e perseverança. No entanto, se perceber que estas características são persistentes, rígidas e desadaptativas e afectam o seu desempenho e relacionamentos, acabando por prejudicar de forma decisiva o seu bem-estar, lembre-se que estamos aqui para o ajudar a começar a libertar-se destas amarras e a encontrar novos rumos para o bem-estar!
fonte: http://oficinadepsicologia.com/perturbacoes-de-personalidade/obsessivo-compulsiva