Somos todos iguais. Buscamos as mesmas coisas. É incrível como tantas vezes nos camuflamos debaixo de uma capa que não deixa que ninguém nos veja realmente. Procuramos as estrelas mas não vemos o céu. Queremos conhecer o universo mas nem nos conhecemos a nós próprios. Estamos debaixo da terra, num buraco bem fundo e não vemos nada. Por isso é fácil fingir e de vez em quando escrever qualquer coisa que mostra a sensibilidade com que captamos a natureza das coisas à nossa volta. Vemos que as coisas não fazem sentido e então tentamos descrever o que nos vai no pensamento. Mas, apesar disso, nós também não saímos da roda das coisas fúteis em que estamos metidos. E porquê? Será assim tão difícil fugir a isto tudo?” *
É difícil e muito poucas pessoas o fazem. Abandonar todas as nossas seguranças, deixar de fazer tudo aquilo que não faz sentido e entregarmo-nos à vida é muito difícil. Gera uma guerra interior. Queremo-nos libertar mas há algo que nos impede…
“Gostava de ser eu próprio. De me libertar das palavras dos outros, de flutuar no espaço e no tempo. Não tenho tempo. Roubam-me o tempo. Todos querem saber de algo que eu faço e eu só queria uma oportunidade para viver. Estou farto de ouvir um milhão de vozes sempre a dizerem-me o que devo fazer. Quero ser livre.” *
Quem nunca pensou isto? Crescemos demasiado aprisionados e quando nos conseguimos libertar, pagamos bem caro por essa libertação. No entanto, o preço a pagar é incontestavelmente menor que aquilo que ganhamos com essa liberdade. A vida só faz sentido se for vivida consoante aquilo em que acreditamos. Consoante o que nós queremos fazer e não quando fazemos o que os outros nos dizem para fazer. Não podemos deixar de ser o que realmente somos.
*Citações do livro “Onde está o Branco em ti”, de Ricardo Antunes, Editora Quinta Essência.
Fonte: http://oficinadepsicologia.com/manifesto-anti-acomodacao