O mercado de suplementos alimentares vem apresentando crescimento ano após ano no Brasil, sendo que a estimativa é que tenha atingido, em 2017, quase R$2 bilhões, o que representa um crescimento de 11% em relação a 2016. Apesar de alguns produtos apresentarem eficácia comprovada por diversas pesquisas científicas, a maioria deles não possui comprovação dos efeitos divulgados.
O primeiro passo para verificarmos a plausibilidade do efeito do suplemento é avaliar se a substância em questão pode gerar alguma resposta positiva. Esses efeitos podem ter sido mostrados em culturas de células, diferentes espécies de animais, mas também precisa de estudos com seres humanos a fim de verificar se o mesmo efeito observado nesses outros grupos também acontece nos seres humanos.
Caso seja confirmado esse efeito metabólico, ou seja, a existência de um processo bioquímico, fisiológico ou farmacológicos dessa substância no organismo humano, passamos para o segundo ponto: será que a suplementação com essa substância realmente gera o efeito pretendido? É nesse momento que estudos cientificamente bem controlados precisam ser realizados para verificarmos os reais efeitos dessa suplementação.
Se houver a confirmação de que a substância estudada pode gerar efeitos positivos para o usuário, ainda cabe a seguinte pergunta importante: O efeito que ele gera é de uma magnitude importante, ou é tão pequeno que não vale o custo de utilizá-lo?
Vamos a um exemplo para explicar melhor esses passos. Suponhamos que queremos saber se a substância “A” apresenta efeito termogênico, ou seja, é capaz de aumentar o metabolismo (gasto energético). Assim, o primeiro passo é verificar, através de estudos com células ou outras espécies animais (e posteriormente em humanos) se a substância “A” atua em algum dos mecanismos responsáveis pela regulação do metabolismo. Caso ela atue, o passo seguinte é testar se a suplementação com a substância gera o aumento do gasto energético. Passando por essa etapa, verificamos se o efeito é importante, ou seja, se o aumento na quantidade de calorias gastas é suficiente para gerar uma redução no peso corporal e se os benefícios superam os possíveis riscos. Vencendo essa etapa, temos um termogênico eficaz para a utilização!
Mas a verdade é que poucas substâncias passam por todas essas etapas. Ou elas não têm relação nenhuma com a aceleração do metabolismo, ou a suplementação não gera os efeitos pretendidos, ou quando gera algum aumento no gasto calórico, esse aumento é irrelevante do ponto de vista prático. O mesmo vale para todos os outros grupos de suplementos: muitos prometem resultados, mas poucos realmente ajudam a atingi-los.
Além da eficácia dos suplementos, precisamos pensar sempre na segurança dos mesmos. Hormônios tireoidianos, por exemplo, apresentam efeitos termogênicos comprovados, mas a utilização dos mesmos não é indicada, visto que os efeitos colaterais são muito mais importantes do que os benefícios que eles poderiam gerar.
Diante de todos esses fatores, cabe ressaltar que nenhum suplemento tem poderes mágicos ou sobrenaturais, nem faz milagres. A alimentação adequada continua sendo a base, enquanto os (poucos) suplementos com comprovação científica da eficácia e da segurança apresentam efeitos pequenos, seja para a perda de peso, aumento da massa muscular ou melhora do desempenho. Por isso, não se deixe enganar por promessas fantasiosas: a alimentação é e continuará sendo – junto com o exercício físico – a melhor forma de atingir seus objetivos!