Frustração é um sentimento que surge quando algo desejado, esperado ou que planejamos não ocorre.
Todos nós, em algum momento da vida, nos deparamos com essa emoção, a grande diferença é justamente a forma de lidar com essa sensação. Fatores como história de vida pessoal e o contexto em que houve a frustração podem influenciar nessa maneira de encarar a situação, visto que esse processo pode aparecer por diferentes motivos. A frustração pode vir, por exemplo, relacionada com uma sensação de incapacidade quando o objetivo não alcançado dependia da própria pessoa, ou com uma sensação de injustiça quando depende de fatores externos.
Os motivos para alguém se sentir frustrado podem ser bem diversificados, mas as emoções envolvidas tendem a ser comuns. Raiva, desânimo, agressividade, revolta, decepção, falta de motivação e autoestima rebaixada podem ser sintomas comuns quando há uma decepção ou desapontamento. Uma espécie de tensão interna pode gerar uma desestruturação emocional que ocorre em diferentes níveis e acarreta diversas consequências.
Alguns comportamentos frequentemente relacionados a casos de frustração são:
- Fuga: quando o indivíduo se afasta e não quer mais nenhum tipo de contato com a situação específica;
- Evitação: após ser frustrada em determinado contexto, a pessoa começa a evitar passar por situações parecidas ou conviver com pessoas e lugares envolvidos na sua frustração por medo de acontecer novamente;
- Comportamento compensatório: ocorre quando a pessoa busca se compensar para lidar melhor com uma frustração ocorrida. Essa compensação pode aparecer por meio de uso de substâncias, comer em excesso, ou focar ininterruptamente em um ramo específico de sua vida que não tenha relação com a frustração anterior.
Mas a frustração é algo somente negativo?
Em alguns casos a pessoa frustrada sente-se incapaz de lidar com os pensamentos e desejos que aparecem neste momento. É uma dor muito intensa que pode dificultar uma reação saudável e positiva, mas é importante que estratégias de enfrentamento e maneiras construtivas de lidar com a frustração, quando inevitável, sejam desenvolvidas.
Apesar de comumente aparecer como um sentimento negativo é interessante que a frustração seja vista, também, como crucial à nossa construção psicológica. A falta de oposições paralisa o desenvolvimento psicológico e as transformações positivas, então podemos encarar esse processo como uma abertura, ainda que difícil, ao amadurecimento pessoal. A frustração é necessária ao desenvolvimento psíquico na medida em que nos ensina e ajuda a ser mais flexível nos fortalecendo a cada dificuldade.
Evitar a frustração é algo natural do ser humano; mas em níveis brandos, a ausência de algo ou a desilusão estão associadas ao desenvolvimento da capacidade de adiar bonificações, o que é fundamental para a vida em sociedade. Assim, não passar por frustrações pode atrapalhar na adaptação sadia às permanentes mudanças que surgem no dia a dia.
Por exemplo: uma criança demasiadamente protegida, que teve seus desejos sempre imediatamente satisfeitos, pode desenvolver dificuldade em compreender a realidade da vida adulta, onde o desejo e a satisfação exigem cada vez mais trabalho e dedicação e, nem sempre, dependem exclusivamente de fatores internos. Dessa forma, esta criança pode se tornar um adulto emocionalmente instável ou que se sente constantemente insatisfeito.
Outro ponto importante a se considerar é que quando uma expectativa é frustrada, os sentimentos de tristeza levam a atitudes de mudança, gerando um desejo de refinamento de seus conhecimentos e habilidades. Na frustração está presente o ressentimento mas também o desejo de melhora. Focar na motivação necessária para transformar a situação em algo proveitoso é de extrema relevância nesses momentos.
É sadio encarar a frustração como uma maneira de identificar potencialidades de crescimento.
Como tratar?
O nível que o sentimento de frustração atinge em cada um está diretamente relacionado ao grau de expectativa que foi estabelecido dentro do resultado almejado. Assim, a psicoterapia é capaz de ensinar o paciente a identificar as causas de sua frustração, dosar expectativas exageradas e modificar os pensamentos disfuncionais envolvidos.
É possível ainda trabalhar o desenvolvimento da resiliência, que se caracteriza pela capacidade que a pessoa possui de se adaptar à situações adversas e inesperadas, encará-las como aprendizado e vivenciá-las de forma mais leve e adaptativa.