Estudos apontam que até 30% das pessoas com mais de 65 anos podem ter depressão
Um em cada 100 idosos sofre de depressão no Brasil. Foi o que revelou uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo feita durante dois anos com 1500 pessoas com mais de 60 anos. O estudo revelou ainda que apenas 2% de quem está depressivo procura tratamento.
A Organização Mundial da Saúde aponta que a partir de 2020 a doença será a mais comum em todo o mundo. Hoje, a depressão atinge mais de 120 milhões de pessoas.
Os principais sintomas são tristeza e irritação associados a perda da motivação de sentir prazer, desmotivação, alteração do sono, peso, energia e esquecimento.
– Esses são sintomas muito parecidos com o Alzheimer e demência e, muitas vezes, são confundidos. O conteúdo do pensamento sempre deve ser levado em conta pelos profissionais de saúde para que o tratamento adequado seja feito. Quando a depressão é tratada de forma errada, uma série de repercussões acontecem na vida dos doentes, muitas vezes acarretando o suícidio – aponta a professora de Psicologia da Unisinos Ilana Andreatta.
Na terceira idade, o corpo passa a manifestar sinais da idade, como declínio do metabolismo e de absorção de nutrientes. Além disso, questões como aposentadoria, síndrome do ninho vazio e lutos podem aumentar os riscos de depressão.
– O impacto na vida do idoso e de quem convive com ele é muito grande. Ausência de motivação para relações sociais, para estabelecer novos vínculos, para fazer tarefas diárias devem ser observadas com atenção. Infelizmente, há muitos casos de a família achar que a falta de atenção e o esquecimento podem ser Alzheimer e fazer um diagnóstico errado. O profissional de saúde sempre é quem deve fazer o diagnóstico – disse.
A questão, segundo a psicóloga, é entender se o quadro depressivo levou a uma perda cognitiva ou se a deterioração cognitiva foi quem causou a tristeza. Quando não diagnosticada no início, a depressão pode ainda desencadear outras doenças, como a baixa imunidade, desmotização, perda de memória e estresse.
– Para o profissional de saúde é mais fácil diagnosticar a doença, mas não é um problema fácil de ser detectada. Hoje, temos um repertório de equipamentos que auxiliam na avaliação, mas nada substitui a escuta clínica. Quando bem tratada, a depressão pode entrar em total remissão, ou seja, ser curada.
Entenda quais são as diferenças e semelhanças entre depressão e Alzheimer:
– Desinteresse, tristeza, apatia, perda do apetite, perda de peso e insônia fazem parte do quadro clínico de quem está em depressão, mas também são sintomas do Alzheimer.
– Além disso, a redução da capacidade da memória recente, muitas vezes, faz parte do diagnóstico do Alzheimer, mas os depressivos também podem apresentar essa característica.
– Quando há comprometimento da memória recente, a avaliação neuropsicológica deve ser feita. Esse tipo de teste junto com uma boa conversa com um especialista vai mostrar que, quem sofre de Alzheimer, também vai apresentar outros déficits cognitivos, como alterações na fala e perda da habilidade motora.
– A depressão na terceira idade não deve ser encarada com algo comum. Os idosos podem e devem ter uma vida normal como qualquer pessoa mais jovem, embora apresentem algumas alterações no funcionamento do organismo. Alimentação saudável e uma vida social ativa garantem mais qualidade de vida.
FONTE:http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/melhor-idade/noticia/2014/12/depressao-pode-ser-confundida-com-alzheimer-4656731.html