Jovem mineira perde 54 kg após superar doença em que ganhou 55 kg
Aos 16 anos, Hellen Amaral Rodrigues engordou 55kg em sete meses.
‘O preconceito das pessoas era o que me machucava mais’, disse a jovem.
Rafaela Borges Do G1 Zona da Mata
Uma doença aliada a uma alimentação inadequada fizeram a atriz e estudante de psicologia de Juiz de Fora Hellen Amaral Rodrigues, de 23 anos, engordar 55 kg em apenas sete meses. Na época, ela tinha 16 anos e, além de ficar com a saúde comprometida, começou a ter problemas de autoestima e isolamento social. Após nove meses sem pesar, durante uma viagem à Guarapari, no Espírito Santo, Hellen tomou um susto e decidiu que era hora de mudar. “Entrei em uma farmácia. Quando subi na balança, vi marcando 130 kg. A última lembrança minha era ter visto 80 kg. Fiquei perplexa. Saí da numeração de calça 38 para, no extremo do meu peso, chegar ao numero 56. Quando me olhava no espelho, não conseguia reconhecer que estava com todo esse peso”, relembrou. Em três anos, com muita determinação e força de vontade, a jovem conseguiu perder 54 kg.
Até os 15 anos, Hellen estava no peso ideal: 60 kg. Mas, aos 16, foi diagnosticada com uma doença chamada Síncope Vasovagal. “Nessa doença, subitamente acontece uma diminuição da pressão arterial e dos batimentos cardíacos, levando a breves desmaios. Esses apagões ocorriam em locais muito quentes, ou após ficar muito tempo em pé. Assim, tive que tomar uma medicação à base de cortisol. Porém, um tempo depois, segundo um cardiologista, a medicação foi prescrita errada, pois o remédio era forte e eu tomava duas vezes por dia, o que me levou a engordar ou reter liquido”, contou.
Com a situação, Hellen se sentia angustiada. Ela contou ao G1 que começou a ter problemas no joelho, sudorese, além de sofrer muito preconceito. Com 18 anos, a estudante não encontrava roupas para a idade dela, chegou a ser mal recebida em algumas lojas, tinha poucos amigos e passou por dificuldades na escola. “Passei também a ter problemas de autoestima, além de falta de reconhecimento da minha real situação. O remédio logo causou efeitos colaterais e tive que usar mais medicamentos para os problemas que começaram a surgir. Tomei até antidepressivos, pois já não me reconhecia mais”, falou. De acordo com ela, a medicação ainda abria o apetite, a fazendo comer além do normal. “Minha saúde piorou totalmente da noite para o dia. E o preconceito me indignava. Eu já havia experimentado como era ser magra em uma sociedade que pede o corpo ideal e, então, percebia muito fortemente os preconceitos vindos por parte das pessoas. Isso era o que me machucava mais”, destacou.
Mudança de hábitos
No início, a estudante chegou a pensar em fazer cirurgia de redução do estômago, mas a familia não permitiu. “Eles ficaram com medo de me fazer mal e me incentivaram a emagrecer sozinha. Meus familiares me ajudaram muito, me policiavam todas as vezes que pensava em comer além do que tinha estabelecido”, disse.
Então, aos poucos, a jovem começou a mudar seus hábitos. De início, passou a reduzir pela metade tudo o que comia. “Ao acordar, normalmente eu comia dois pães. Passei a comer um e depois meio. Tomava apenas um copo de refrigerante. Comia apenas um cachorro quente, um pedaço de bolo, mas comia. E não ficava com aquela vontade excessiva. Almoçava em pratos de sobremesa cheios, que me davam a falsa impressão de estar comendo muito. Apenas um prato de comida por almoço. E saía da mesa após me alimentar, para não me entregar ao desejo de querer mais”, lembrou.
Hellen também começou a praticar exercícios físicos. Entrou na hidroginástica e fazia atividades durante os ensaios do teatro. Porém, de acordo com ela, o que a realmente a ajudou foi a terapia. “Minha psicóloga utilizava técnicas que me ajudavam a visualizar tudo o que eu comia, o que já tinha perdido, me fazia comparar fotos antigas e atuais, ou seja, me ajudava a correr atrás. Acho que falta uma fortaleza psíquica em muitos obesos. Nós estamos sempre brigando com a balança, a comida, a sociedade e nossa autoestima e precisamos disso”, falou.Superação
De acordo com a atriz, não foi fácil vencer a obesidade, mas todo o esforço valeu a pena. “Passei por maus bocados. Foram meus piores momentos de vida. A perda da saúde, o preconceito, a falta de amor por mim mesma. Mas hoje, olhando para trás, percebi que esses momentos foram essenciais, deixaram em mim marcas muito mais positivas do que negativas. Adquiri mais sabedoria, maturidade e a crença de que posso me superar”, enfatizou.