A personalidade começa a ser construída na infância e se define na adolescência, sendo o resultado do temperamento (características marcadas pela genética) e pelo caráter (formação que se dá pelas relações e contexto social da pessoa). Antes de entender o que é o transtorno de personalidade dependente, deve-se esclarecer o que são os transtornos de personalidade. Esses tratam-se de padrões de experiências internas e comportamentos rígidos e frequentes, que não geram desconforto ou estranhamento direto à pessoa, ou seja, são egossintônicos; porém interferem na qualidade de vida e nas relações interpessoais dela.
Esses transtornos começam na adolescência ou início da fase adulta e geram sofrimento, principalmente no âmbito social. O transtorno de personalidade dependente é um dos transtornos abordados pelo DSM 5, e tem como características marcantes submissão e apego pelo outro, resultantes de uma necessidade de ser cuidado.
Aqueles com transtornos de personalidade dependente apresentam dificuldade em tomadas de decisões (até mesmo as mais corriqueiras) e em assumir responsabilidades; por terem medo de perder o apoio dos outros, eles apresentam dificuldade em manifestar discordâncias. Sujeitam-se a muitas coisas desagradáveis para ganhar o carinho e cuidado do outro, não ficam sozinhos por muito tempo ao terminar um relacionamento e possuem preocupação irrealista sobre serem abandonados.
O fato dos transtornos de personalidade serem egossintônicos faz com que muitas vezes a pessoa não tome consciência de como o próprio comportamento a coloca e mantém em situações indesejadas. No caso do Transtorno de personalidade dependente, os relacionamentos podem ficar comprometidos pela alta frequência em que a pessoa demanda atenção e cuidado, ou mesmo predispor a pessoa a relacionamentos abusivos. Nesse último caso, perfis abusadores aproveitam do grau de dependência e submissão da pessoa para tirar vantagens.
O sintomas do transtorno de personalidade dependente podem se confundir com outras condições psicológicas, como por exemplo um contexto específico de desamparo, a perda recente de um ente querido, aspectos relacionados ao humor, ou podem ainda significar apenas um traço do transtorno. Nestes casos, não é possível classificá-los como transtorno de personalidade dependente, o qual se dá pelo grau de rigidez, má adaptação e persistência dos sinais relatados. Porém, só um profissional da área pode diagnosticar precisamente esses sintomas.