A Organização Mundial de Saúde divulgou um dado preocupante relatando o suicídio como uma das três principais causas de morte de indivíduos entre 15 e 44 anos. Sendo assim, o suicídio é considerado um grave problema de saúde pública, necessitando de medidas preventivas e remediadoras eficazes.
Diferente da concepção de muitas pessoas, o suicídio envolve diversas dimensões além do aspecto psicológico, que podem ser internos e externos ao indivíduo. Os fatores de risco se relacionam com eventos e características negativas da vida, e sua presença aumenta as chances de alguns problemas se manifestarem. Esses fatores tendem a aumentar a vulnerabilidade dos indivíduos a situações adversas, diminuindo a resiliência emocional. Um ponto importante a ser ressaltado é que não é apenas a presença desses fatores que define seu impacto na vida do indivíduo, mas também a intensidade, a frequência e a maneira como são interpretados por cada pessoa.
Os principais fatores de risco podem ser divididos entre fatores psicológicos, biológicos, psicossociais, culturais e outros. Seguem abaixo alguns fatores de risco ao comportamento suicida:
- transtornos mentais: depressão; transtorno bipolar; uso/dependência de álcool e drogas; esquizofrenia; transtorno de personalidade borderline;
- histórico familiar de doença mental;
- história familiar de suicídio;
- tentativa de suicídio anterior;
- abuso físico ou sexual;
- perda dos pais na infância;
- instabilidade familiar;
- violência doméstica;
- desesperança, desamparo;
- ansiedade intensa;
- vergonha, humilhação, bullying;
- baixa autoestima;
- traços de personalidade: impulsividade, agressividade, labilidade do humor, perfeccionismo;
- ausência de apoio social, solidão;
- rigidez cognitiva;
- desemprego, endividamento;
- aposentadoria;
- pouca flexibilidade para enfrentar adversidades; dificuldade em lidar com frustrações;
- fácil acesso a meios letais (armas de fogo, venenos, etc.);
- doenças físicas incapacitantes, estigmatizantes, dolorosas, terminais;
- falta de adesão ao tratamento ou falta de tratamento ativo e continuado em saúde mental;
Já os fatores de proteção ao suicídio são aqueles que levam a uma vida mais saudável, com maior bem-estar e maior resiliência emocional, ou seja, a capacidade de resolver problemas levando em consideração também, as habilidades sociais para reduzirem o impacto das adversidades que o indivíduo enfrenta na vida. Podemos destacar os principais fatores de proteção ao comportamento suicida:
- Personalidade:
- Flexibilidade cognitiva;
- Motivação para buscar ajuda;
- Habilidade de comunicação;
- Habilidade para solucionar problemas;
- Capacidade para fazer uma boa avaliação da realidade;
- Estrutura familiar:
- Bom relacionamento interpessoal;
- Senso de responsabilidade em relação à família;
- Pais atenciosos e consistentes;
- Apoio familiar;
- Fatores socioculturais:
- Formação de vínculos com outras pessoas, bons relacionamentos em grupos sociais;
- Ter/formar uma família a qual os membros estejam emocionalmente envolvidos, que passam tempo de qualidade juntos;
- Adesão a valores e normas sociais;
- Prática religiosa e outras práticas coletivas (clubes culturais, esportivos, etc.);
- Rede social que promove apoio, acolhimento;
- Emprego;
- Disponibilidade de serviços de saúde mental;
- Outros:
- Boa qualidade de vida;
- Regularidade de sono;
- Saúde física e mental;
A terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem clínica que tem por objetivo manejar a crise do paciente com comportamento suicida, adotar diversas estratégias para que os fatores de risco sejam minimizados e os de proteção potencializados.