A compulsão alimentar, do inglês binge eating, caracteriza-se por um consumo alimentar maior que o normal em um curto período de tempo, com sensação de descontrole. Na compulsão alimentar, não ocorre mecanismos compensatórios, o que significa que a pessoa ingere grande quantidade de comida e mesmo assim não tenta compensar essa ingestão com vômitos, dietas restritivas ou excesso de atividade física como acontece em outros casos.
Por ser um dos grandes fatores de risco para a saúde fisiológica e psíquica, a compulsão alimentar deve ser melhor estudada, principalmente em crianças e adolescentes.
Na maioria das vezes é difícil para os pais perceberem precocemente esta condição, pois uma vez que as crianças estão se alimentando, não são motivo de preocupação. Porém, o problema em geral só é reconhecido de fato quando o pediatra, o nutricionista, familiares ou em alguns casos os próprios pais, percebem alguma dificuldade na criança.
Além disso, diversos problemas de saúde podem surgir, como por exemplo, dificuldade nos movimentos, simples cansaço, baixa agilidade aos esportes, exclusão e “piadas” por parte dos colegas de turma, isolamento social, pressão alta, elevação nos níveis de colesterol e glicemia, apneia do sono, problemas gastrointestinais, baixa autoestima e pressão social. Vale ressaltar ainda, que pais que utilizam o alimento como forma de recompensa ou criticam constantemente o corpo de seus filhos, são comportamentos que podem levar à compulsão alimentar.
Para que seja feito o diagnóstico de compulsão alimentar é necessário o exame físico, testes laboratoriais, exame psicológico, dentre outros específicos, caso seja necessário. Uma vez diagnosticado, os objetivos são: reduzir os episódios de compulsão, identificar e trabalhar os aspectos emocionais que tenham desencadeado o problema, reduzir peso (se necessário), estabelecer um plano de alimentação saudável e atividade física.
É muito importante a atuação de uma equipe multidisciplinar (pediatra, nutricionista e psicólogo) no processo de recuperação da criança ou do adolescente com compulsão alimentar. A Psicologia trabalha com as dificuldades emocionais frente à condição existente, e a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma intervenção psicoterápica considerada eficaz para esses casos.
Além de técnicas cognitivas, a TCC também utiliza de técnicas comportamentais para ajudar na modificação dos hábitos alimentares como a auto monitoração, técnicas para controle de estímulos associado às situações que favorecem a recorrência da compulsão e o treinamento em resolução de problemas, ajudando o paciente a desenvolver estratégias alternativas para enfrentar suas dificuldades sem recorrer à alimentação inadequada e também estratégias para prevenção de recaídas.
É importante ressaltar ainda, que o envolvimento da família é fundamental, já que os pais e/ou responsáveis precisam ser informados e auxiliados no manejo deste problema. Por isso, fiquem atentos e procurem ajuda se observar em seus filhos o consumo alimentar exagerado relacionado à ansiedade, obesidade na fase inicial da infância, envolvimento precoce em programas de dietas, preocupação excessiva com as calorias dos alimentos, demasiada preocupação com a imagem corporal e baixa autoestima.