Dia 4 de Maio. Dia Anti-Bullying, estipulado pelas Nações Unidas em 2012. Dia 7 de abril. Dia Nacional de Combate ao Bullying e à Violência na Escola, no Brasil. Data estipulada em 2016 para marcar os 5 anos da Tragédia do Realengo. E apesar de ter uma nomenclatura recente, bullying é um problema antigo.
O termo descreve uma extensa variedade de comportamentos que podem ter impactos sobre a propriedade, o corpo, os sentimentos, os relacionamentos, a reputação e o status social de uma pessoa, muitas vezes são agressivos e dolorosos para as vítimas. Destaca-se que a repetição, a persistência do comportamento hostil, repulsivo e intimidador contra uma mesma pessoa ou grupo que denomina ser bullying. As vítimas são hostilizadas, assediadas, socialmente rejeitadas, ameaçadas, caluniadas ou mesmo atacadas (verbal, física e psicologicamente) por um ou mais indivíduos.
Nos dias de hoje o cyberbullying também se enquadra nesse panorama, no qual o assédio virtual com o uso de tecnologias de informação e comunicação apoia comportamentos definidos, repetidos e hostis com a intenção de prejudicar o outro. Perseguições, humilhações, ataques físicos/verbais, insultos e difamações para com aqueles que são vistos como os “diferentes”.
Apesar do fenômeno ser caracterizado como uma agressão, nem toda a agressão é classificada como bullying, mas por quê?
A palavra bullying, derivada do verbo inglês bully, significa usar a superioridade física para intimidar alguém. Também pode ser empregada como adjetivo, no sentido de valentão ou opressor. O que faz com que o termo não seja apenas citado no contexto escolar, mas também como relações violentas, opressoras e intimidadoras no contexto familiar e do trabalho. Há várias formas de se envolver e praticar um ato de bullying. Os bullies, autores, são aqueles que praticam.
As vítimas, alvos, são os que sofrem. E com participação direta e apresentando, ou não, apoio a tais atos, a maior parte é composta do grupo das testemunhas, expectadores. Sendo que a pratica pode ser dividida em bullying físico (empurrado, beliscado, chutado, alvejado, etc.); bullying verbal (destruição do psicológico e bem-estar) e bullying social/relacional (diretamente ligado à exclusão, manipulação e a destruição de reputação).
Pare por um momento e reflita: você já presenciou alguém sendo humilhado, ovacionado ou agredido e não fez nada? Você já difamou ou criticou alguém para outra pessoa? Ou você já se sentiu menosprezado e rejeitado?
Por ocorrer mais comumente em segredo, longe dos olhos dos responsáveis, pais, amigos, professores, etc, que poderiam interromper, tais atos podem ocorrer praticamente em qualquer ambiente (lares, bairros, escolas, empresas, etc.). O ambiente fica cada vez mais contaminado de medo e ansiedade.
Na grande maioria das vezes, a testemunha convive com a violência e se silencia por temer a se tornar a próxima vítima. E diante desse panorama, situações de conflitos, a ausência de tolerância e de diálogo, ganham cada vez mais força, justificando e potencializando situações violentas, banalizando essa experiência tão prejudicial.
Esses indivíduos que sofreram já na infância e vem sofrendo constantemente, acompanhados das consequências destas experiências, acabam sendo mais propensos ao abandono de responsabilidades e compromissos quando jovens adultos; podem ter dificuldades nas atividades rotineiras por medo de se expressar e participar; alegam enfermidades com mais frequência ou indisposição e acabam tendo problemas de sono e de socialização.
A longo prazo, quando adultos, são mais propensos a sofrer de bloqueios e perturbações mentais; tendem a ter maior dificuldade de se socializar com os outros, manter relações e uma autoestima rebaixada. A mais preocupante de todas as consequências do bullying é a propensão a cometer suicídio, assunto recentemente debatido na mídia (a partir da série 13 Reasons Why e o “jogo” Baleia Azul).
A autoestima é talvez a mais afetada e prejudicada pelo bullying. As vítimas desenvolvem mecanismos que distorcem os pensamentos e sentimentos e dificultam a interação.
Por mais que as pessoas em volta, as testemunhas, percebam a presença do bullying, as percepções das vítimas são superficiais. É preciso entender as causas, além dos reflexos que sociedade tem no comportamento das pessoas, com seus preconceitos; críticas e pressupostos sociais, exercendo influência direta no modo como as pessoas se relacionam umas com as outras.
A naturalização e ignorância sobre o bullying reforçam a camuflagem da realidade violenta na qual vivemos, visto que a omissão predomina munida do medo das consequências.
Muitas crianças e adolescentes criam a sensação de que não há nada que se possa fazer frente às ocorrências frequentes que sofrem. Fazendo com que atuação do psicólogo seja em capacitar pais, educadores, responsáveis e todos aqueles envolvidos com a vítima. Para analisar e entender as múltiplas relações do individuo, além de identificar as necessidades e possibilidades de aperfeiçoamento dessas relações.
Logo, o profissional de psicologia deve enfrentar o desafio de tomar como alvo de sua atuação a complexidade dos processos interativos que ocorrem no ambiente, baseadas em ações multidisciplinares, se necessários, que envolvem, sobretudo, os vários níveis de prevenção. Atuando na escola, na empresa ou no âmbito familiar para que seja crível envolver e conscientizar o máximo de pessoas possíveis.
O conhecimento sobre as características comportamentais dos indivíduos que são alvos das agressões e intimidações pode auxiliar nas ações voltadas à proteção de vítimas de bullying.
Quando não entendemos adequadamente o problema, o bullying, lidamos apenas com seus sintomas, não com as causas. Compreender é o primeiro passo para começar a combatê-lo.
Se você conhece alguém que sofre constantemente assédios; agressões ou maus-tratos; DENUNCIE. BUSQUE AJUDA de um responsável ou autoridade. IMPEÇA essa prática de se espalhar. E caso você perceba que alguém próximo a você já vive os efeitos dessa hostilidade, entre em contato conosco. NÃO SEJA um expectador.